O primeiro caso deu-se no quarteirão 20. O espaço vendido, tal como explicam os moradores, foi parte de um campo de futebol. O local em causa já foi parcelado e, num dos terrenos, já está a ser erguida uma residência, ao lado da qual está uma igreja.
Bernardo Luís, um dos residentes do bairro, também indignado com a situação, explica que o responsável da igreja, quando solicitado a prestar explicações sobre a sua presença no local, exibiu uma declaração com a assinatura do chefe do quarteirão, como sendo este quem lhe concedeu o espaço.
Entretanto, os moradores explicaram que se tratava de um documento forjado em nome do tal chefe do quarteirão. Segundo disseram, o secretário do bairro, que é a figura apontada como sendo o cabecilha de todas as falcatruas à volta de negócios de terra naquele bairro, aproveitou-se da vulnerabilidade do chefe do quarteirão para lograr os seus intentos.
Em contacto com a nossa equipa de reportagem, o chefe de quarteirão em causa, de nome Alberto Joaquim, distanciou-se de todas as acusações que supostamente pesam sobre ele. Explicou que o processo de concessão do espaço para a igreja foi transparente e que até houve consultas aos membros do quarteirão (…). Aliás, mesmo assim, o aval final foi dado pelo secretário do bairro.
“Não sei nada relacionado com a venda dos terrenos no campo. Confirmo que os responsáveis da igreja contactaram-me a manifestar a vontade de ocupar parte do local, já que grande parte do terreno estava abandonado e era concentração de bandidos. A seguir, reuni com os moradores e, depois, fomos consultar o secretário que autorizou a instalação da igreja”, explica o chefe do quarteirão.
Quanto aos novos projectos que aparecem, Alberto Joaquim diz nada saber e que qualquer esclarecimento devia ser solicitado ao Conselho Municipal da Matola e ao secretário do bairro.
Entretanto, o campo de futebol não foi o único espaço público vendido. Foi também vendida uma reserva localizada no quarteirão 16 que, de acordo com os moradores, estava reservado para um jardim infantil. O local, tal como o primeiro, já está parcelado e até com obras erguidas