
Rohit Chandwani, gestor da área de produção de algodão na Olam Moçambique em Nampula, disse que concebeu a referida plataforma depois de estudos aturados desenvolvidos ao longo de alguns anos terem demonstrado que qualquer intenção que visa o crescimento rápido dos volumes das colheitas daquela cultura é susceptível de falhar em razão das dificuldades de comunicação entre os produtores do sector familiar e a empresa fomentadora, através dos respectivos técnicos de campo.
O entrevistado disse ser difícil alertar os produtores sobre as mudanças que se têm operado em relação ao início da época chuvosa. Dessa forma, a preparação dos campos e consequente sementeira acontecem, em alguns casos, depois do registo de alguma pluviosidade, comprometendo o desenvolvimento da cultura por escassez de água quando se verificam interrupções longas ou definitivas ao longo do ano.
Lembrou que as mudanças climáticas são ignoradas no meio rural e esse quadro deve ser alterado para que se possam conseguir melhorias no que tange à qualidade da fibra do algodão, facto que se pode conseguir quando os produtores respeitarem o calendário da cultura do algodão, tratamento químico para o controlo de pragas, entre outros factores que podem minar o desenvolvimento da cultura.
Para a materialização da sua plataforma que visa manter a comunicação de forma permanente entre a empresa fomentadora e os produtores de algodão, a Olam Moçambique está a disponibilizar telefones móveis celulares aos produtores e, numa primeira fase, aos que mais se têm evidenciado do domínio agrícola, ou seja, que tenham comercializado quantidades iguais ou superiores a uma tonelada na última safra.
Através da iniciativa que se pretende replicar pelas regiões onde a Olam Moçambique desenvolve os seus projectos no domínio da agricultura, pretende-se igualmente dotar os produtores de informações relativas às tendências do preço da cultura nos mercados, bem assim dar a conhecer a abertura da campanha de comercialização do algodão. Segundo a fonte, quando bem capitalizados, os meios de comunicação e informação colhem-se dividendos que se consubstanciam com a redução de custos relativamente à deslocação dos brigadistas envolvidos nas compras do algodão caroço.
Perguntamos a Rohit Chandwani como é que os produtores das zonas rurais que não beneficiam de energia eléctrica podem fazer o recarregamento regular dos respectivos telefones móveis celulares, ao que referiu que a sua empresa adquiriu sistemas fotovoltaicos de geração de electricidade que estarão posicionados nas residências ou agência onde o técnico está afecto, seleccionado para acolher o equipamento.
A ambição da Olam Moçambique relativamente à sua concessão algodoeira de Ribáuè, Lalaua e Murrupula é de passar das 13 mil toneladas conseguidas na última safra para volumes de produção superiores a 20 mil toneladas a partir da campanha agrícola 2015/2016. Recentemente, aquela multinacional que tem interesses nos domínios do comércio, indústria do caju, entre outras actividades económicas relevantes, implantou um novo e moderno equipamento de descaroçamento e algodão na vila de Ribáuè, orçado em cerca de quatro milhões de meticais.
Além da Olam Moçambique, são fomentadoras do algodão na província de Nampula, considerada a maior produtora da cultura estratégica para a economia, as sociedades algodoeiras de Namialo e do Niassa e Plexus. Os pequenos produtores privados formaram igualmente blocos visando a sua inserção no subsector algodoeiro onde praticam o algodão em regime de fomento.