Internacional Relatório da ONU revela aumento preocupante no consumo de canábis em África

Relatório da ONU revela aumento preocupante no consumo de canábis em África

Um recente relatório das Nações Unidas indica que a canábis continua a ser a droga mais consumida em África, com uma prevalência elevada especialmente nas regiões da África Ocidental, Central e Austral. 

O documento, intitulado “Relatório Mundial sobre Drogas 2025”, foi apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e destaca ainda o aumento do consumo de cocaína e opioides, como o tramadol, em vários países do continente, incluindo Moçambique, onde se tem assistido a um número crescente de admissões em tratamento por perturbações associadas a estas substâncias.

Segundo o relatório, cerca de 10% da população africana entre os 15 e os 64 anos consumiu canábis em 2023. A África representou 44% da quantidade total de erva e resina de canábis apreendida a nível mundial no último ano, evidenciando a magnitude do problema no continente. A prevalência de consumo de opioides atingiu 1,4%, com o uso não médico de tramadol a ser uma preocupação crescente, particularmente no Norte de África e nas regiões da África Ocidental e Central.

Entre 2019 e 2023, 57% dos opioides farmacêuticos apreendidos no mundo tiveram origem em África, em grande parte devido ao uso indevido de tramadol. Por outro lado, o consumo de cocaína tem aumentado de forma consistente, com a África Ocidental, Central e Austral a registarem os maiores crescimentos neste tipo de uso. Países como África do Sul, Angola, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gana, Libéria, Marrocos, Moçambique, Níger, Senegal, Seicheles, Serra Leoa e Zâmbia têm observado um incremento nas admissões em tratamento por problemas associados ao uso de cocaína.

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O relatório também sublinha que África se tornou um ponto estratégico para o trânsito da cocaína sul-americana em direcção à Europa, com apreensões significativas a decorrer perto da costa, especialmente na África Ocidental. A ONU alerta que os traficantes estão a explorar uma produção recorde e a expandir novos mercados tanto em África como na Ásia.

Adicionalmente, o consumo de novas substâncias psicoativas (NPS) está a crescer, com o ‘Khat’ a continuar a ser comum na África Oriental e o uso de NPS sintéticas, como os canabinóides presentes no ‘Kush’, a aumentar rapidamente, sobretudo na África Ocidental e Central. A combinação de drogas como ‘Nyaope’, ‘Karkoubi’ e ‘Kush’ representa uma ameaça emergente à saúde pública em países como Guiné-Bissau, Serra Leoa e Libéria, sendo essas misturas frequentemente compostas por substâncias perigosas como opioides sintéticos do grupo das nitazenas.

Em termos de saúde pública, cerca de 1,33 milhões de pessoas consomem drogas por via injetável em África, das quais 204.000 (15,4%) viviam com HIV em 2023. A África Austral regista a maior prevalência de VIH entre estes consumidores (43,2%), enquanto a África Ocidental e Central apresenta a maior taxa de pessoas que injetam drogas, situada em 0,21%.