O governo da Índia desmentiu as declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a mediação americana nas negociações de desescalada militar com o Paquistão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri, esclareceu que as conversações foram conduzidas exclusivamente entre os dois países, sem intervenção de Washington.
As declarações surgiram em resposta a uma conversa telefónica de mais de meia hora entre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o Presidente Trump, conforme reportou a agência estatal DD News. Esta posição de Nova Deli contrasta com as afirmações de Trump, que recentemente se atribuía o crédito pelo cessar-fogo entre as duas potências nucleares asiáticas.
“Ao interromper a escalada militar, eu parei uma guerra entre a Índia e o Paquistão, e fiz isso através do comércio”, afirmou Trump em declarações à imprensa. Contudo, Misri sublinhou que Modi deixou claro a Trump que a Índia não aceita qualquer forma de mediação sobre a questão da Caxemira, um território em disputa.
A tensão entre a Índia e o Paquistão intensificou-se no final de Abril, após um ataque terrorista em Caxemira que resultou na morte de cerca de 20 turistas indianos. Em resposta, a Índia lançou a “Operação Sindoor” contra alegadas bases terroristas no Paquistão, levando o país vizinho a efectuar ataques a bases militares indianas. Os confrontos resultaram em dezenas de mortos de ambos os lados.
Misri reiterou que as negociações para a “cessação da ação militar” ocorreram “directamente entre a Índia e o Paquistão” e a pedido de Islamabad. “A Índia nunca aceitou a mediação, não a aceita agora, nem nunca a aceitará”, afirmou o ministro.
Durante a chamada, Modi também comunicou a Trump uma alteração na doutrina de segurança da Índia, que agora considera actos de terrorismo como “actos de guerra”. A conversa foi solicitada por Trump após o cancelamento de uma reunião entre os dois líderes na cimeira do G7.