A francesa Gisèle Pelicot, cuja história se tornou um símbolo global da luta contra a violência sexual, foi distinguida com o prestigiado Prémio Liberdade.
A escolha resultou de uma votação que contou com a participação de dez mil jovens, oriundos de 84 países, incluindo a França. O galardão foi entregue ao seu filho, Florian Pelicot, que representou a mãe na cerimónia realizada na terça-feira, em Caen, na Normandia.
A atribuição do prémio a Gisèle Pelicot reconhece o seu inabalável compromisso na luta contra a violência sexual, conforme sublinhou um jornalista da agência AFP presente no evento.
Visivelmente emocionado, perante uma audiência de quatro mil jovens e 25 veteranos americanos da Segunda Guerra Mundial, Florian Pelicot expressou a profunda emoção da sua mãe. “Este prémio toca profundamente a minha mãe. Obrigado em nome dela. Mãe, eu amo-te muito”, declarou. O filho de Gisèle Pelicot anunciou ainda que a totalidade do valor do prémio, 25 mil euros, será doada à Associação de Mediação e Apoio às Vítimas de Avignon (AMAV), cidade onde decorreu o julgamento do caso.
Num comunicado, Gisèle Pelicot manifestou a sua alegria e confiança no futuro, afirmando que o facto de os jovens, através deste prémio, associarem liberdade ao respeito pelo próximo, à atenção, ao consentimento e ao diálogo, a enchia de esperança. Após ter corajosamente partilhado a sua história nos tribunais e confrontado dezenas dos seus algozes, Gisèle Pelicot prepara-se para publicar um livro. As suas memórias, que relatam o calvário que sofreu às mãos do ex-marido, Dominique Pelicot, serão lançadas em Janeiro de 2026.
O caso de Gisèle Pelicot captou a atenção mundial. Ao longo de uma década, a francesa foi vítima de dezenas de violações, sob sedação, perpetradas pelo seu então marido e por, pelo menos, cinquenta desconhecidos que este recrutava através da internet.
