O número de refugiados e deslocados sudaneses ultrapassou os 14,3 milhões no final de 2024, fruto dos intensos conflitos que assolaram o país, revelando-se a maior crise mundial de deslocações.
A denúncia foi feita pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no seu relatório anual intitulado “Tendências Globais em Deslocamento Forçado 2024”.
Segundo o relatório, o Sudão contava no final de 2024 com 2,8 milhões de refugiados, representando um aumento de 40% em relação ao ano anterior. A maioria destes refugiados (93%) encontrou abrigo em países vizinhos, como o Chade, onde residem 1,1 milhões de sudaneses, o Egito com 602.700, e o Sudão do Sul com 487.700.
Além disso, o número de deslocados internos no Sudão subiu para 11,6 milhões, um acréscimo de 2,5 milhões (28%) comparativamente a 2023.
O ACNUR sublinhou que as hostilidades em curso no Sudão geraram “a maior crise mundial de deslocações”, com um total de 14,3 milhões de sudaneses deslocados, afectando cerca de um em cada três cidadãos do país. Este aumento representa mais 3,5 milhões de deslocados desde o final de 2023.
A situação na República Democrática do Congo (RDC) também foi destacada no relatório, onde os prolongados conflitos no leste do país resultaram em 7,4 milhões de deslocados forçados. A maioria destes deslocados permanece dentro do seu país, mas a crise tem sido marcada por graves violações dos direitos humanos.
Por outro lado, o Sudão do Sul enfrenta o desafio de reabsorver quase 750 mil refugiados sul-sudaneses que retornaram desde Abril de 2023, sendo que 404.800 desses registos ocorreram apenas em 2024.
Na região do Sahel, as deslocações forçadas aumentaram para 3,8 milhões de pessoas, um crescimento de 11% em relação ao final de 2023. A maioria das deslocações ocorreu dentro dos próprios países, com Burkina Faso, Níger e Mali a registarem os maiores números.