A Faixa de Gaza enfrenta uma situação alarmante, com especialistas em segurança alimentar a alertar para o risco iminente de fome total na região, caso Israel não levante o bloqueio à ajuda humanitária e interrompa a sua campanha militar.
Conforme as conclusões da Classificação de Fases de Segurança Alimentar Integrada (IPC), a principal autoridade internacional em avaliação de crises de fome, quase meio milhão de palestinianos encontra-se em níveis “catastróficos” de fome, enquanto mais de um milhão está em níveis “emergenciais”. A fome total é considerada o cenário mais provável se as condições não mudarem rapidamente.
Nos últimos dez semanas, Israel tem restringido a entrada de alimentos, abrigos, medicamentos e outros bens essenciais no território palestiniano, apesar de intensificar os ataques aéreos e operações terrestres.
A população de Gaza, que conta com cerca de 2,3 milhões de pessoas, depende quase inteiramente de ajuda externa para sobreviver, já que a campanha militar israelita, que se prolonga há 19 meses, destruiu a maioria da capacidade de produção de alimentos na região.
O gabinete do Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ainda não comentou as conclusões do relatório do IPC. O exército israelita alega que houve assistência suficiente durante o cessar-fogo de dois meses, que foi quebrado em meados de Março, quando a campanha militar foi reiniciada.
O Governo de Telavive justifica o bloqueio como uma medida para pressionar o grupo islamita Hamas a libertar os reféns que ainda mantém na Faixa de Gaza. Contudo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, afirmou no domingo que Israel “apoia totalmente” a iniciativa dos Estados Unidos de distribuir ajuda humanitária à região.
Nos últimos dias, as Nações Unidas e diversas organizações não-governamentais têm alertado para a crescente escassez de alimentos, medicamentos e combustíveis no território palestiniano, sublinhando a urgência de uma acção internacional para mitigar a crise humanitária. O bloqueio, segundo o ministro Saar, é justificado pela alegação de que o Hamas tem desviado a ajuda destinada à população.