Pelo menos 104 pessoas perderam a vida na sequência de inundações devastadoras que atingiram a aldeia de Kasaba, situada junto ao lago Tanganica, na região leste da República Democrática do Congo (RD Congo).
O administrador do território de Fizi, Sammy Kalonji, confirmou à Agência France Presse (AFP) que, além das vidas perdidas, os danos materiais foram significativos, com 150 casas destruídas e 28 feridos registados. As vítimas são, na maioria, crianças e idosos, dois grupos especialmente vulneráveis às consequências de desastres naturais.
A aldeia de Kasaba, de difícil acesso por via terrestre e sem cobertura de rede móvel, enfrenta ainda as dificuldades de uma crise humanitária que se agrava. No mês anterior, mais de 10 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas na província de Tanganica devido a chuvas intensas que provocaram o alagamento do rio Rugumba, causando a destruição de centenas de habitações.
As inundações são apenas uma das faces da adversidade que a região enfrenta. Além da crise climática, a população sofre há décadas com a violência perpetuada por milícias armadas, incluindo o movimento rebelde 23 de Março (M23), que diz lutar pelos direitos de comunidades minoritárias. A província de Tanganica acolheu recentemente cerca de 50 mil refugiados oriundos de Kivu do Sul, outra área afectada pela violência e instabilidade.
A situação agravou-se após a retirada das missões de paz da ONU e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), aliada ao recuo do exército congolês, o que resultou em um aumento da insegurança, saques e deslocamentos em massa da população.
