Milhares de cidadãos concentraram-se nas ruas da capital húngara para protestar contra uma nova legislação que proíbe a realização da Marcha do Orgulho, um evento anual que celebra a diversidade e os direitos da comunidade LGBTQ+.
A manifestação, que reuniu mais de 10 mil pessoas, foi marcada por um clima de resistência e reivindicação de direitos civis.
A nova lei, aprovada pelo governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, alega proteger as crianças, mas, segundo críticos, trata-se de uma medida que restringe os direitos da comunidade LGBTQ+ na Hungria. A legislação permite a utilização de tecnologias de reconhecimento facial para identificar organizadores e participantes do evento, além de prever multas severas para os infractores.
Com bandeiras húngaras e do arco-íris, e cartazes com mensagens como “Chega de mentiras!” e “Abaixo Orbán! Queremos a democracia”, os manifestantes expressaram a sua indignação. “Defendemos a liberdade de reunião”, afirmou Emese, uma jovem psicóloga de 26 anos que preferiu não revelar o seu sobrenome.
Akos Hadhazy, deputado independente e um dos organizadores da manifestação, declarou que os protestos continuarão até que a nova lei seja revogada, chamando-a de “lei tecnofascista” e comparando-a a legislações repressivas em países como a China e a Rússia.
Esta não é a primeira vez que a comunidade LGBTQ+ se opõe às políticas do governo de Orbán. Em Março, após a aprovação da legislação, os manifestantes bloquearam uma ponte em Budapeste durante mais de três horas em sinal de protesto.
Os organizadores da Marcha do Orgulho já anunciaram a intenção de realizar a 30.ª edição do evento no dia 28 de Junho, desafiando as novas restrições impostas pela legislação.
Nos últimos anos, Orbán tem atacado a comunidade LGBTQ+, proibindo a adopção por casais do mesmo sexo e implementando uma controversa lei de protecção infantil em 2021, que veda a divulgação de conteúdos LGBTQ+ para menores em mídias diversas.
Recentemente, um porta-voz da comissão de direitos humanos das Nações Unidas criticou a nova lei, afirmando que resulta em restrições arbitrárias e discriminatórias aos direitos individuais da comunidade LGBTIQ+, incluindo a liberdade de expressão e de reunião pacífica.