Destaque Mais de 40 detidos por insultar Presidente da Turquia durante protesto

Mais de 40 detidos por insultar Presidente da Turquia durante protesto

Pelo menos 43 pessoas foram detidas  em várias cidades da Turquia sob a acusação de insultarem o presidente Recep Tayyip Erdogan e a sua família durante um novo protesto em massa contra a detenção do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem İmamoğlu, do partido social-democrata.

O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, fez uma declaração na rede social X, referindo-se aos “insultos vis” dirigidos a Erdogan, à sua falecida mãe e à sua família durante o protesto realizado na noite de segunda-feira na Praça Saraçhane, em Istambul, onde se localiza a Câmara Municipal. Yerlikaya indicou que a investigação continua em curso para identificar e localizar mais suspeitos.

Segundo o jornal BirGün, as detenções ocorreram esta manhã, com a polícia a efectuar buscas nas residências dos acusados em Istambul, bem como em Ancara, Izmir e Eskisehir. Durante o protesto de segunda-feira à noite, a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar milhares de manifestantes, levando muitos a buscar refúgio nas instalações da Câmara Municipal. Na cidade de Antalya, as forças de segurança recorreram a canhões de água para dispersar os participantes, resultando na detenção de pelo menos 25 pessoas.

O comissário para os direitos humanos do Conselho da Europa, Michael O’Flaherty, manifestou preocupação com o uso desproporcional da força pela polícia durante os protestos. Em comunicado, pediu que as autoridades turcas respeitem os direitos humanos, especialmente no que diz respeito à liberdade de reunião pacífica, à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.

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Ekrem İmamoğlu, que ocupa a presidência da Câmara de Istambul desde 2019, foi detido na quarta-feira sob acusações de corrupção e suborno, as quais a oposição considera serem infundadas e uma manobra para afastá-lo do cenário político. O líder social-democrata é visto como um potencial rival de Erdogan nas eleições presidenciais previstas para 2028, em que o presidente, que está no poder há mais de 20 anos, busca garantir a sua continuidade.

A Human Rights Watch (HRW) denunciou que a prisão de İmamoğlu é uma utilização do sistema de justiça como ferramenta para eliminar adversários políticos. Na sequência dos protestos, foram detidas 144 pessoas, incluindo vários jornalistas que cobriam as manifestações, e a Ordem dos Advogados de Izmir confirmou que 400 detenções foram registadas apenas naquela cidade.

A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e várias associações de imprensa turcas também condenaram as detenções, sublinhando a grave situação da liberdade de imprensa na Turquia.