Munícipes de vários bairros da área metropolitana do Grande Maputo manifestaram-se em massa, levando a uma intervenção da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) após a invasão de terrenos no distrito de Matutuíne.
A situação provocou uma onda de revolta entre os moradores, que se reuniram ontem no bairro Malanga para reivindicar acesso livre às terras que alegam ter sido cedidas a eles por uma nativa.
Os protestantes ergueram barricadas em um dos acessos à ponte Maputo/KaTembe, numa tentativa de pressionar as autoridades a reconhecer a ocupação dos terrenos, que consideram de direito. Constância Chambisso, de 58 anos, relatou ter pago 300 meticais para desbravar uma área que lhe foi atribuída em Novembro do ano passado por uma anciã do posto administrativo de KaTembe N’Sime. “As terras não foram invadidas, mas sim cedidas. Por que razão, depois de limparmos as parcelas, nos impedem de entrar? Isto é injusto. Eu vivo em Magoanine e a minha casa está submersa. Preciso de um lugar para reconstruir a minha vida”, expressou a moradora.
Mário Dimande, porta-voz do grupo de manifestantes, informou que mais de mil pessoas se uniram para desbravar as matas de Matutuíne, garantindo que não desistirão de erguer habitações nesses espaços, os quais acreditam não terem dono. “Unimo-nos para limpar os espaços, mas a situação agora é complicada porque não nos impediram antes de começarmos. São nossas terras por direito”, afirmou.
A usurpação de terrenos tem sido uma preocupação crescente para as autoridades da província de Maputo, que se esforçam para encontrar soluções pacíficas para a questão. Nesse sentido, o secretário de Estado em Maputo, Henriques Bongece, reuniu-se com líderes comunitários de KaTembe N’Sime, apelando à população para que abandone as terras ocupadas de forma irregular. “Não podemos permitir que se invadam propriedades que pertencem a pessoas com títulos de direito de uso e aproveitamento. Os invasores não constroem habitações para residir, mas erguem casas precárias para, posteriormente, vender os terrenos. A população deve abster-se de tais práticas”, exortou Bongece.