A crise de violência em curso na Síria resultou na fuga de mais de 21.000 pessoas para o Líbano, de acordo com informações divulgadas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Desde o início do mês, a onda de confrontos já causou mais de 1.600 mortes no país.
O relatório da ONU, que se baseia em dados das autoridades locais e da Cruz Vermelha libanesa, indica que foram registadas a chegada de 21.637 sírios e 390 famílias libanesas que também deixaram a Síria. As famílias que conseguiram escapar da violência enfrentaram condições extremamente difíceis, atravessando “fronteiras clandestinas, por vezes até rios, a pé”, e chegam ao Líbano “exaustas, traumatizadas e com fome”, conforme relatado pela ACNUR.
A violência, considerada sem precedentes desde a queda do presidente Bashar al-Assad em Dezembro de 2023, foi desencadeada por um ataque violento dos apoiantes do ex-chefe de Estado contra as forças de segurança na cidade de Jablé, próximo de Latakia, que era um bastião do governo deposto e berço da comunidade alauita, do qual o clã Assad faz parte.
Em resposta, as autoridades sírias enviaram reforços para as províncias de Latakia e Tartus, onde operações de busca contra os apoiantes do regime têm sido intensificadas. O presidente Assad, que se refugiou na Rússia, um dos principais aliados do regime sírio, tem visto a situação no país deteriorar-se drasticamente.
A organização não-governamental Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) reportou que as “execuções sumárias” e “operações de liquidação” já causaram a morte de mais de 1.600 civis, com o número podendo aumentar, dado que várias pessoas permanecem desaparecidas. No total, as baixas civis e militares já ultrapassam as 2.400 desde o início das operações de segurança.
Em resposta à escalada da violência, as autoridades sírias estabeleceram uma comissão de inquérito para investigar os incidentes, procurando reunir e examinar todas as provas disponíveis.