O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) declarou não reconhecer a validação dos resultados das eleições gerais de Outubro, nem a proclamação de Daniel Francisco Chapo como Presidente da República. Lutero Simango, líder do partido, insiste na urgência de um “diálogo construtivo” para ultrapassar a actual crise pós-eleitoral.
Após o Conselho Constitucional ter validado os resultados e proclamado oficialmente Daniel Chapo como Presidente de Moçambique, o MDM manifestou publicamente o seu desacordo em relação ao acórdão. “Não concordamos com o acórdão pronunciado, não reconhecemos os resultados. Não se pode aceitar a fraude eleitoral”, afirmou Lutero Simango, recordando as mesmas razões já apresentadas pelo partido aquando do anúncio da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Apesar de sempre ter defendido a anulação dos resultados eleitorais, o MDM considera que a saída para a crise envolve a criação de um espaço para o diálogo construtivo, inclusivo, sincero e honesto. “É imperativo renovar o sonho colectivo de construir um Moçambique de todos, estabelecer um compromisso político para as reformas do Estado, bem como políticas públicas que sirvam a nossa população”, referiu Simango.
Entre as reformas defendidas pelo líder do MDM, consta a despartidarização do Estado moçambicano, a revisão profunda da Constituição da República e a gestão objectiva dos recursos naturais. “Temos igualmente de revisitar as políticas públicas na educação, saúde e criação de oportunidades de emprego aos nossos concidadãos”, acrescentou.
Sobre a actual onda de violência após a proclamação dos resultados, Simango alerta que a situação pode agravar-se. “Estamos a testemunhar uma violência activa que, se não for resolvida através de um diálogo construtivo, pode evoluir para uma violência passiva ainda mais perigosa. Se não agirmos, podemos acordar sem Moçambique nas nossas mãos”, disse.
O acórdão do Conselho Constitucional indica que Daniel Francisco Chapo, candidato da Frelimo, obteve 65,17% dos votos. Venâncio Mondlane alcançou 24,19%, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%. De um total de 7.238.827 eleitores que participaram no escrutínio, o Conselho Constitucional validou a vitória de Daniel Chapo para a Presidência da República, bem como a maioria da Frelimo nas restantes eleições.