Em um episódio alarmante, mais de 200 reclusos conseguiram escapar de três cadeias nas províncias moçambicanas da Zambézia e Gaza, durante uma série de protestos que se intensificaram nos últimos sete dias. As informações foram confirmadas por autoridades locais e residentes da área.
Na manhã de quarta-feira, um grupo de manifestantes, enfurecido, invadiu a cadeia distrital de Ile, na Zambézia, onde libertou 90 reclusos.
Segundo a Polícia, citada pelo canal de televisão STV, a multidão descontrolada conseguiu arrombar os portões e dirigiu-se às celas, causando destruição nas infraestruturas da penitenciária.
Azevedo Joaquim, morador da vila de Errego, relatou à Voz da América que a situação foi caótica, com muitos a participarem da invasão e a libertarem os detidos. Este foi apenas um dos episódios da fase de protestos, que começou no dia 4 de Dezembro. Nesse mesmo dia, em Mulevala, outra invasão resultou na libertação de 100 reclusos.
Além de Ile e Mulevala, os distritos de Inhassunge e Morrumbala também foram alvo de ataques, perpetrados por grupos de manifestantes. Em Inhassunge, o ataque à penitenciária contou com a participação dos Naparamas, uma força local composta por antigos guerrilheiros, que possui o apoio do Governo.
Na província de Gaza, durante os tumultos que ocorreram na mesma quarta-feira, 4, outros 46 reclusos conseguiram fugir da cadeia distrital de Chibuto. O incidente teve lugar, quando um grupo de mais de duas mil pessoas, revoltadas contra a alegada fraude eleitoral, invadiu a instituição, libertando os detidos.
As autoridades governamentais informaram que, dos 46 reclusos que conseguiram escapar, apenas um decidiu se entregar, enquanto a Polícia está mobilizada para encontrar os restantes 45 fugitivos.
Os protestos, que são parte de uma contestação liderada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, estão previstos para continuar, mesmo com a aproximação das festividades natalinas. Mondlane, em declarações nas redes sociais, sublinhou que não espera que os manifestantes se tornem apáticos durante o período festivo. “Desta vez, não vamos ter Natal, porque o povo vai estar na rua”, afirmou.