O candidato presidencial apoiado pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Venâncio Mondlane, divulgou um vídeo chocante nas redes sociais, onde afirma ter escapado de uma tentativa de assassinato enquanto se encontrava na África do Sul.
Mondlane, que se refugiou no país após as conturbadas eleições de 9 de Outubro, descreveu uma cena de pânico, revelando que “assassinos estavam à sua porta” prontos para atacá-lo.
No vídeo, que rapidamente se tornou viral, Mondlane narra que residia na prestigiada área de Sandton, em Joanesburgo, quando a ameaça se manifestou. “Tive que pular pela porta dos fundos, escapar por um salão de cabeleireiro… e correr com minhas malas e minha família,” relatou, sem, no entanto, especificar a data em que ocorreu a alegada tentativa de assassinato.
A reacção do governo sul-africano não se fez esperar. Em contacto com a Agência France-Presse (AFP), o Ministério das Relações Exteriores da África do Sul afirmou não ter conhecimento da presença de Mondlane no país e sublinhou que, caso tivesse ocorrido um incidente deste género, deveria ter sido reportado à polícia.
Paralelamente, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique criticou Mondlane, acusando-o de transformar manifestações pacíficas em “actos de vandalismo, violência e roubo” devido aos seus discursos incendiários. Estas acusações surgem num contexto de crescente tensão política, com Mondlane a contestar os resultados das eleições de 9 de Outubro, que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) atribuiu à Frelimo, partido no poder desde a independência do país em 1975.
A situação é ainda mais alarmante para Mondlane e a sua equipa, uma vez que o seu advogado, Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Guambe, foram assassinados a tiros a 19 de Outubro, enquanto se preparavam para contestar os resultados eleitorais no tribunal. Neste clima de incerteza e violência, Mondlane não esconde o receio de que possa ser a próxima vítima.
As tensões políticas em Moçambique continuam a aumentar, com manifestações a eclodirem em várias partes do país. Os cidadãos de Maputo, por exemplo, realizaram protestos no último dia 31 de Outubro, convocados pela oposição, marcando o início de uma greve nacional que visa contestar a legalidade dos resultados eleitorais.
O futuro político de Moçambique parece incerto, enquanto o clima de instabilidade se intensifica e líderes da oposição enfrentam ameaças cada vez maiores.