Venâncio Mondlane, um dos principais opositores ao regime da FRELIMO, partido no poder em Moçambique há quase 50 anos, anunciou o cancelamento do seu plano de regressar à capital moçambicana para liderar os mega protestos por si convocados.
A decisão foi tomada em resposta à crescente preocupação com a sua segurança, especialmente após a trágica morte de dois dos seus correligionários.
No passado dia 19 de Outubro, os corpos do advogado Elvino Dias e do mandatário do partido Podemos, Paulo Guambe, foram encontrados com marcas de 25 tiros, num ato de violência que abalou a nação e foi amplamente interpretado como uma intimidação dirigida a Mondlane. A brutalidade do ataque levantou alarmes sobre a segurança dos opositores políticos e a liberdade de expressão em Moçambique.
Os protestos que estavam agendados para hoje, 7 de Novembro, representam o clímax da terceira fase de uma greve geral e da contestação social convocada por Mondlane. Estes eventos são considerados um marco significativo no levantamento popular contra o regime vigente, que muitos acusam de práticas fraudulentas nas eleições.
Em entrevista à AFP antes do protesto, Mondlane descreveu Moçambique como estando num “momento crucial”. Relatou que existe uma “atmosfera revolucionária” no país, indicando que a população se encontra à beira de uma “transição histórica e política única”. O candidato presidencial independente, que se encontra actualmente no estrangeiro, lamentou não poder comparecer aos protestos devido a questões de segurança.