A Amnistia Internacional emitiu um apelo ao Governo moçambicano na quinta-feira, exigindo o término da violenta repressão pós-eleitoral que tem marcado o país, à medida que se aproxima uma marcha convocada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A organização defende que é fundamental respeitar o direito à liberdade de expressão de todos os cidadãos.
Em comunicado divulgado hoje, a Amnistia Internacional classifica a actual crise em Moçambique como “a pior repressão dos últimos anos contra os protestos” e recorda que, até ao momento, a polícia já causou a morte de mais de 20 pessoas, além de ferir e prender centenas de outros indivíduos.
“As últimas duas semanas em Moçambique foram marcadas por um derramamento de sangue completamente desnecessário, uma vez que as autoridades tentaram parar um movimento de protesto pacífico com força letal”, pode ler-se na nota.
As manifestações foram desencadeadas pelo anúncio da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que no passado dia 24 de Outubro declarou Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), vencedor da eleição presidencial com 70,67% dos votos. Venâncio Mondlane, que se posicionou em segundo lugar com 20,32%, não reconhece os resultados, os quais ainda carecem de validação pelo Conselho Constitucional.
Após uma série de protestos que paralisaram o país, Mondlane convocou uma paralisação geral de sete dias a partir de 31 de Outubro, culminando na manifestação de hoje em Maputo.
A Amnistia Internacional sublinha ainda que, além da repressão violenta, o Governo moçambicano tem restringido o acesso à Internet em todo o país e bloqueado as redes sociais durante quase uma semana. A organização também denuncia o assassinato de duas figuras da oposição, Elvino Dias e Paulo Guambe, e afirma que o líder da oposição, Venâncio Mondlane, se encontra escondido por temer pela sua segurança.
Citado na nota, o director regional adjunto da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Khanyo Farise, enfatiza: “As pessoas nem sequer podem protestar nas suas próprias casas sem correrem o risco de serem atingidas por gás lacrimogéneo pela polícia”.