Seis indivíduos, incluindo duas mulheres, estão a ser julgados pela 5ª Secção do Tribunal Judicial da Cidade da Beira, sob a acusação de terem desviado mais de 27 milhões de meticais do Programa Mundial de Alimentação (PMA).
Entre os arguidos estão K. Nhamabo e M. Cumbe, que ocupavam cargos de responsabilidade financeira no PMA na Beira desde 2019, desempenhando funções como responsável financeiro e assistente financeira, respectivamente. F. Joaquim, ex-esposa de K.
Nhamabo, também está envolvida no processo, sob o número 475/5ªTC/2024, por receber e utilizado fundos obtidos de forma ilícita, além de ser sócia de empresas fundadas pelo seu ex-marido.
Durante a leitura da acusação, apresentada pela representante do Ministério Público, Marina Macamo, foi revelado que o esquema iniciou em 2021. K. Nhamabo, aproveitando-se da sua posição como responsável financeiro, em conluio com M. Cumbe, emitiu 41 cheques fraudulentos utilizando assinaturas falsificadas, resultando no desvio de 27.290.988,00 meticais.
Segundo a acusação, os arguidos operavam com um sistema informático onde inseriam as necessidades financeiras, e após aprovação, eram emitidos cheques que requeriam assinaturas.
No entanto, em Abril e Maio de 2021, a arguida levantou dez cheques, sendo que três deles foram levantados num balcão do Standard Bank por um motorista da instituição, sob as suas instruções.
Para se apropriar dos fundos da conta do PMA, M. Cumbe falsificou assinaturas de colegas, sem o conhecimento destes, com o objectivo claro de defraudar a organização.
Segundo o Ministério Público, K. Nhamabo não dividia os montantes desviados de forma equitativa, ficando M. Cumbe com 1,2 milhões de meticais, que usou para adquirir um automóvel, reabilitar a casa da mãe, abrir uma mercearia, comprar uma motorizada e melhorar a residência onde vivia, entre outras despesas.
Por sua vez, K. Nhamabo, a partir de Abril de 2021, começou a realizar depósitos frequentes na sua conta bancária no Millennium Bim. Entre Abril e Junho de 2021, efectuou depósitos em numerário e pagamentos via Mpesa e IZI num total de mais de nove milhões de meticais. No dia 1 de Junho de 2021, manifestou por e-mail a sua intenção de rescindir o contrato com o PMA, desaparecendo de seguida com um computador portátil, o seu cartão de identidade e as chaves do escritório, conforme explicou a magistrada Marina Macamo.
Este julgamento destaca-se pela complexidade do esquema de fraude e pelo impacto significativo que teve nos fundos destinados a uma das maiores organizações humanitárias do mundo.