Internacional Proposta chinesa para resolver conflito na Ucrânia ganha apoio de 110 países

Proposta chinesa para resolver conflito na Ucrânia ganha apoio de 110 países

Li Hui, enviado especial de Pequim para os assuntos euro-asiáticos, revelou que a proposta chinesa para terminar o conflito na Ucrânia conta com o apoio de 110 países. Li Hui esteve recentemente no Brasil e na África do Sul, como parte da sua quarta missão de paz desde Maio do ano passado.

A China tem procurado adoptar uma postura neutra no conflito ucraniano, que já se prolonga por três anos, apesar de sua crescente aproximação com Moscovo. Pequim tem enfrentado críticas por supostamente apoiar a Rússia e apresentou, no ano passado, um plano de 12 pontos para resolver o conflito, recebido com cepticismo por parte do Ocidente.

Na África do Sul, Li Hui afirmou que a China está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com o país africano e a criar uma “base comum mais ampla” para reunir um consenso internacional baseado em “seis entendimentos comuns”, conforme indicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em um comunicado.

O mesmo comunicado revelou que a proposta chinesa obteve “respostas positivas” de mais de 110 países. Tal como a China, a África do Sul não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia e manteve um relacionamento activo com Moscovo durante a guerra. Joanesburgo também se empenhou em buscar uma solução para o conflito, liderando uma delegação africana de paz a Kyiv no ano passado.

A África do Sul foi uma das muitas nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil, que não assinou o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada na Suíça em Junho passado. A China não participou da reunião, defendendo a “participação igualitária” da Rússia e da Ucrânia, enquanto a Rússia não foi convidada para o encontro.

Após a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de tentar minar a reunião, que tinha como objectivo angariar mais apoio internacional para uma solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kyiv. O plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do leste da Ucrânia.

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Apesar das tensões, surgem sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão abertas ao diálogo. No final do mês passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, durante a sua primeira visita à China desde o início da guerra, expressou a disposição de Kyiv para negociar, desde que Moscovo agisse de “boa-fé”. A Rússia, por sua vez, afirmou estar aberta a conversações, mas exige que a Ucrânia abandone sua candidatura à NATO e retire-se das quatro províncias mais a leste.

Durante a sua visita ao Brasil, Li Hui afirmou que a integridade territorial de cada país deve ser respeitada, mas considerou as exigências para que a China pressione a Rússia a terminar a guerra como “irrealistas”. Li destacou que a China não é parte do conflito e a Rússia é um membro soberano do Conselho de Segurança da ONU.

Ele também mencionou que não há uma “solução simples” para o conflito, mas que China e Brasil desejam promover um consenso de seis pontos a ser adoptado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas ainda este ano, para servir como proposta oficial para levar ambos os lados à mesa de negociações.

Desde a invasão russa em 24 de Fevereiro de 2022, a Ucrânia tem recebido apoio financeiro e militar dos aliados ocidentais, que também impuseram sanções a sectores chave da economia russa, na tentativa de reduzir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra. A ofensiva russa tem mergulhado a Europa na crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).