Destaque Ex-Presidente da Zâmbia envolvido em escândalos de corrupção no E-swatini

Ex-Presidente da Zâmbia envolvido em escândalos de corrupção no E-swatini

O antigo presidente da Zâmbia, Edgar Lungu, está alegadamente envolvido em escândalos de corrupção no E-swatini, segundo a investigação “Swazi Secrets” do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), sediado em Washington.

A investigação “Swazi Secrets” aborda fluxos de dinheiro suspeitos no E-swatini, analisando 890.000 registos internos da Unidade de Informação Financeira do E-swatini (EFIU), com a participação de 38 jornalistas de 11 países.

Segundo informações do ICIJ divulgadas recentemente, investigadores zambianos redigiram um pedido de cooperação aos seus homólogos do E-swatini em 2019 para investigar Lungu. No entanto, só em 6 de Dezembro de 2021 é que os investigadores de crimes financeiros da Zâmbia enviaram um memorando confidencial ao E-swatini, país anteriormente conhecido como Suazilândia.

Neste memorando, o Centro de Informações Financeiras da Zâmbia (ZFIC) apresentava alegações sérias de que Edgar Lungu acumulou riqueza através de actividades corruptas. O documento também mencionava Michelo Shakantu, um magnata da construção zambiano-suazi, casado com Pholile Dlamini-Shakantu, ministra dos Negócios Estrangeiros e antiga ministra da Justiça do E-swatini.

Uma das principais alegações indicava que a empresa de Shakantu, Inyatsi Road Construction, obteve vários contractos de construção de estradas, oferecendo subornos em forma de terrenos e presentes monetários a indivíduos de alto nível. Lungu teria sido um dos beneficiários desses presentes, com Shakantu comprando um terreno para ele em 2018 numa luxuosa propriedade de golfe no E-swatini.

A propriedade em questão é o Nkonyeni Residential Golf Estate, localizado no coração rural do E-swatini. Em 2018, a imprensa local noticiou que Lungu planeava construir uma mansão de dois andares no valor de 4 milhões de dólares nesse terreno, levantando questões sobre o financiamento da construção.

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Na época, Dora Siliya, então ministra da informação da Zâmbia, afirmou que o terreno foi um presente do rei do E-swatini, Mswati III, a Lungu, considerando a oferta normal. No entanto, meios de comunicação do E-swatini informaram que a propriedade não pertencia a Lungu, mas sim a uma empresa de Shakantu, que também teria acções na empresa de telecomunicações Swazi Mobile em nome de Lungu.

O memorando confidencial do ZFIC, datado de Agosto de 2019, ligava a propriedade de Nkonyeni a alegados subornos relacionados com contractos de construção na Zâmbia. O documento citava relatos da imprensa de que o terreno presenteado fazia parte dos 90 lotes pertencentes à Inyatsi Properties Ltd, outra empresa de Shakantu.

A investigação não avançou até Dezembro de 2021, quando Lungu perdeu as eleições presidenciais para Hakainde Hichilema. Quando Hichilema assumiu a presidência, a Zâmbia era considerada a nação mais endividada de África, segundo o ICIJ.

Maurice Nyambe, diretor-executivo da Transparência Internacional da Zâmbia, suspeita que o atraso na investigação foi devido à interferência política, dado que a direcção do ZFIC é nomeada pelo presidente, aumentando o potencial de influência presidencial sobre a direcção.

Após a publicação de “Swazi Secrets” em 15 de Abril, um ministro zambiano desafiou Lungu a explicar o financiamento de quaisquer investimentos no E-swatini, incluindo a propriedade de Nkonyeni. Em resposta, Lungu negou no Facebook possuir propriedades no E-swatini.

Documentos divulgados no início de 2022 indicam que a EFIU não conseguiu associar directamente qualquer propriedade ou conta no E-swatini a Lungu. A propriedade de Nkonyeni estava registada em nome do Link Trust, representado por Michelo Shakantu, ligando Lungu a Shakantu, apesar da propriedade ainda não estar desenvolvida.