Após os desastres em Mariana e Brumadinho, que resultaram em centenas de mortes, o sentimento de medo e angústia persiste entre os moradores próximos à barragem de Itatiaiuçu, no estado de Minas Gerais, Brasil.
Moradores da região de Itatiaiuçu relatam à agência Reuters o constante temor de viver nas proximidades de uma barragem em risco de rompimento, associada à siderúrgica ArcelorMittal. O eventual colapso representaria um desastre de grandes proporções nesta comunidade rural de Minas Gerais.
“Muito medo, todos estamos. Porque, se a barragem estourar lá em cima, ficamos presos aqui em baixo, a lama não nos deixa sair, o asfalto estoura, tudo estoura, tal como em Brumadinho, tudo foi varrido e as pessoas ficaram nesta situação. Não há escapatória, a nossa única saída é aqui em baixo. Se ficarmos presos aqui, acabou”, descreve Milton Teixeira Reis, aposentado e residente próximo à barragem em Itatiaiuçu.
Um muro de contenção está a ser construído para proteger contra uma possível onda de lama desencadeada pelo rompimento da barragem de resíduos da mina. Contudo, a obra só deverá ser concluída em 2025.
“Medidas para reduzir o impacto ambiental de um possível rompimento incluem a construção de uma barreira de contenção, que está sendo construída pela mina. Contudo, na minha opinião e na da população, o progresso é ainda muito insuficiente”, lamenta Marina Amaral Ferreira, responsável local pelo Ambiente e Agricultura.
Rotas de evacuação e sinais de alerta aumentaram em Itatiaiuçu. Em 2019, alguns residentes foram expropriados como medida de precaução, deixando suas casas abandonadas.
Marina Amaral Ferreira também alertou para o potencial impacto de um colapso nos resíduos atingindo o Rio Manso, que fornece água a 40% da região metropolitana de Belo Horizonte.
“Estamos muito preocupados porque milhões de pessoas poderão ser afetadas se a barragem do Rio Manso for atingida por esses resíduos”, acrescentou.