Mais de 900 profissionais de saúde de todo o país assinaram uma carta aberta exigindo um cessar-fogo “imediato e definitivo” na Faixa de Gaza e a libertação da Palestina.
A carta, enviada aos sete bastonários das ordens profissionais da área da saúde, refere que “Israel já atacou 364 serviços de saúde e mais de 300 profissionais de saúde foram assassinados”.
“Enquanto profissionais de saúde, relembramos que não nos reconhecemos no silêncio das instituições que nos representam e que nos recusamos a compactuar com o apoio a crimes de guerra que massacram e punem coletivamente toda a população palestiniana em Gaza, onde já mais de 18 mil pessoas foram mortas”, salienta a médica Ana Paula Cruz, uma das subscritoras da carta.
“Não ficaremos inertes perante a violência e o assassínio intencional de colegas de profissão e destruição de hospitais por parte do estado de Israel”, acrescenta.
Os profissionais de saúde signatários lembram que continuam a aguardar resposta das ordens profissionais que os representam, bem como a um pedido de reunião realizado em 26 de novembro, ao qual apenas a Ordem dos Psicólogos atendeu, tendo agendado um encontro na quinta-feira.
No sábado, alguns subscritores vão juntar-se ao cordão humano da Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, em Lisboa.
A ação vai acontecer em frente ao Hospital de Santa Maria, com o cordão a estender-se pelas embaixadas dos Estados Unidos da América e de Israel, terminando na Maternidade Alfredo da Costa.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de proporções sem precedentes perpetrado a 7 de outubro em território israelita pelo movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder naquele enclave palestiniano e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.
O ataque do Hamas fez 1.200 mortos, na maioria civis, e cerca de 240 reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que esta sexta-feira entrou no 70.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 18.800 mortos, na maioria civis, e mais de 50.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 281 palestinianos foram mortos desde 7 de outubro pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.
A carta aberta dos profissionais de saúde portugueses é mais um sinal de condenação internacional à guerra na Faixa de Gaza, que já foi condenada pela ONU, pela União Europeia e por muitos países do mundo.