Cinco candidatos presidenciais na República Democrática do Congo pediram a anulação das eleições realizadas na quarta-feira, que ficaram marcadas por atrasos, problemas logísticos e denúncias de irregularidades por parte da oposição.
Em comunicado emitido no sábado, os candidatos, entre os quais o empresário e ex-governador da antiga província de Katanga, Moise Katumbi, criticaram a “fraude massiva” nas eleições, à qual o presidente cessante, Félix Tshisekedi, é candidato à reeleição.
“Este sistema maquiavélico de fraude permitiu à CENI [Comissão Eleitoral Nacional Independente] imprimir atas que dão erradamente o presidente cessante como vencedor em zonas onde, na realidade, não obteve votos”, asseguraram.
Os candidatos consideraram que “a publicação dos resultados de cada colégio eleitoral não tem credibilidade” e exigiram a “demissão imediata” do presidente da CENI por “ter planeado e orquestrado a pior fraude eleitoral que o país já conheceu”.
Outros cinco candidatos denunciaram a existência de uma “simulação de eleições” gerais na República Democrática do Congo e anunciaram uma manifestação de protesto para a próxima quarta-feira na capital, Kinshasa.
“Protestaremos contra as irregularidades observadas durante as votações de 20 de Dezembro”, afirmaram os candidatos, incluindo o ginecologista e vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, e o líder da oposição Martin Fayulu.
Face ao clima de crispação, as embaixadas de Espanha e de outros 12 países ocidentais pediram, no sábado, “moderação” aos atores políticos do país durante o escrutínio de voto.
A CENI começou na sexta-feira à noite a publicar os primeiros resultados provisórios das eleições, dando a Tshisekedi a liderança na contagem, embora o número de votos contado seja ainda muito reduzido.
As eleições realizaram-se na quarta-feira e prolongaram-se por quinta e sexta-feira em zonas em que os problemas logísticos atrasaram e impediram a votação.
Cerca de 44 milhões de pessoas – dos mais de 100 milhões de habitantes do país – foram chamadas a exercer direito de voto em 75.000 colégios para as eleições presidenciais, legislativas, provinciais e locais.
Os atrasos deveram-se, em grande parte, à chegada à última da hora do material eleitoral às assembleias de voto.