Sociedade Desvio de medicamentos preocupa autoridades em Nampula

Desvio de medicamentos preocupa autoridades em Nampula

Utentes das unidades sanitárias na cidade de Nampula, na província de Nampula, têm estado a recorrer às farmácias privadas para adquirir medicamentos receitados pelos profissionais de saúde do sistema público devido à falta de produtos nas farmácias hospitalares.

Contudo, o diretor províncial de Saúde de Nampula, embora reconheça o impacto da falta de medicamentos na população , afirma que a falta de medicamentos pode ser resultado da demora na requisição e entrega.

Fernando Mitano garante, no entanto, que a província tem disponíveis medicamentos para até três meses.

“Temos tido algum desvio de medicamentos do sistema por nossos colegas, algumas vezes essa situação de desvio pode fazer com que não haja medicamentos, nós já tivemos casos de desvio em Malema, Angoche e Murrupula, mas a solicitação tardia e a organização ao nível do centro de saúde também podem interferir na existência”, reconhece Mitano.

Para o Observatório do Cidadão para a Saúde, há vários fatores que contribuem para a falta de medicamentos nas unidades sanitárias e têm a ver com a disponibilidade dos recursos para responder à demanda populacional, particularmente de Nampula, o desvio de medicamentos, a má gestão em que nota-se a falta de coordenação entre os armazéns de medicamentos e as farmácias e a má conservação.

António Mathe, coordenador do Pilar de participação pública daquela Observatório, defende que umas das ações que vai ajudar a resolver o problema da falta de medicamentos nas unidades sanitárias públicas será a complementaridade entre os hospitais, gestores hospitalares para que a população não fique prejudicada.

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Entretanto, para o efeito, Mathe aconselha que “feita a prescrição médica, se na farmácia dessa unidade sanitária não tiver medicamentos, tem a obrigação de indicar a unidade sanitária que tem disponível o medicamento que está em falta, o que significa que tem de haver um trabalho de complementaridade entre as unidades sanitárias, entre os gestores hospitalares para que os utentes não fiquem sem medicamentos”.

Antonio Mathe prossegue dizendo ser preciso que “haja informação prévia sobre ausência de alguns medicamentos e também informar quando o medicamento estará disponível para o utente não ficar prejudicado porque sabemos que a maioria da população não tem condição para ir à farmácia privada”

Aquele responsável entende ser preciso que se façam reformas no setor de saúde, especialmente no que toca à política de medicamentos, visando também incluir fármacos de doentes crónicos, pessoas com deficiência e com necessidades especiais, uma vez que este constitui um grupo que paga muito caro para ter acesso a medicamentos em farmácias privadas.