O presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Milton Tatia, admitiu na última sexta-feira, 23 de Dezembro, avançar com uma nova greve dos médicos se no prazo de um mês não houver “avanços positivos” nas negociações.
Os médicos moçambicanos retomaram na última sexta-feira as actividades após anunciarem a suspensão da greve, por um mês, que contesta a aplicação da nova Tabela Salarial Única (TSU). A decisão visa assegurar a assistência médica durante a época das festas.
A greve de 21 dias começou no dia 5 de Dezembro e contou com a adesão de mais de 2000 médicos, segundo a AMM. O presidente da organização, Milton Tatia, afirmou, numa entrevista à DW África: “falta-nos quase tudo”, tendo referido ainda que a suspensão visa “permitir que o povo moçambicano possa passar as festas [de Natal e de fim de ano] da melhor maneira possível”, beneficiando de cuidados médicos.
Os profissionais suspenderam a paralisação também em resposta a um pedido feito pelos seus pacientes para que voltassem a trabalhar, e a um apelo ao diálogo feito pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
“Suspendemos provisoriamente a greve por dois motivos. O primeiro tem que ver com o apelo que a população nos fez, tendo em conta que estamos a entrar para a quadra festiva, um período em que há muita procura de cuidados de saúde. Decidimos responder a este apelo e interromper provisoriamente a nossa greve para podermos cuidar da população durante esta altura. E também recebemos um apelo do Presidente da República para que retornássemos ao trabalho sem que isso significasse a interrupção do diálogo”, esclareceu o presidente da classe médica, citado pela DW África.
No entanto, o Milton Tatia admite a retoma da greve se não houver desenvolvimentos nas negociações. “Decidimos conceder um mínimo de um mês de período de graça, durante o qual vamos acompanhar os desenvolvimentos das questões que estamos a reivindicar. Nós não estamos contra a implementação da TSU, mas estamos, sim, preocupados com a implementação do nosso estatuto, que foi aprovado em 2013, e do seu regulamento, aprovado em 2014. A entrada em vigor da nova tabela só veio agravar a nossa insatisfação em relação a este assunto”, sublinhou Milton Tatia.