Um grupo de cidadãos angolanos, a residir no pais e na diáspora, entregou quinta-feira, no Tribunal Constitucional de Angola, uma petição pública onde pede a regularização dos cadernos eleitorais. Laura Macedo, uma das signatárias da petição, explica que em causa está a expurgação do ficheiro integrado de cidadãos maiores, onde constariam cerca de 2 milhões de eleitores mortos.
“A expurga do ficheiro do arquivo de identificação, 2 milhões de pessoas não votantes incluídas é muito mau. O que é que vai acontecer a estes 2 milhões de boletins de votos que estão a mais, quando nós sabemos que o governo tem o hábito de colocar assembleias de voto onde não há ninguém num raio de 30 quilómetros, o governo gosta de especar lá uma assembleia de voto”, começou por defender.
Depois, Laura Macedo questionou quem é que vai preencher estas assembleias de voto. “Será que o governo sabe quem é o morto, quem não é o morto? Eu não sei. Até há bem pouco tempo, nós não sabíamos que o ficheiro do arquivo de identificação iria ser anexado”, complementou.
A signatária da petição apresentou uma possível solução para resolver este problema: “Basta que eles desanexessem. Isto está, como se costuma dizer na gíria, a um clique porque ninguém estava a contar que eles fossem anexar o ficheiro do arquivo de identificação, então basta que retirem dos cadernos eleitorais este ficheiro“.
Por sua vez, o porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, Lucas Quilundo, disse esta tarde, em Luanda, que a CNE não consegue expurgar o ficheiro integrado de cidadãos maiores, uma vez que recebe a base de dados apenas em modo de leitura.
“Como em qualquer base de dados de pessoas, é natural e é impossível que não existam falecidos. A Comissão Nacional Eleitoral nos termos em que lhe é disponibilizada a base de dados ela recebe somente em modo de leitura, não recebe em condições em que possa editar ou realizar qualquer tipo de movimento e operações no ficheiro”, começou por defender.
A CNE continuou depois a tentar explicar o sucedido, segundo o seu ponto de vista: “Isso significa que como ele érecebido [o ficheiro] do executivo, a Comissão Nacional Eleitoral serve-se dele única e simplesmente para a elaboração dos cadernos eleitorais. Por esse facto, como o recebe somente em modo de leitura, a Comissão Nacional Eleitoral não sabe e não está em condições de dizer quantos falecidos lá se encontram porque é uma informação à qual ela não teve acesso“.