Grupos armados voltaram a atacar semana passada na aldeia de Muaja, distrito de Ancuabe, tendo culminado com decapitação de dois adolescentes e fuga da população local para localidades vizinhas.
“Depois de matarem os adolescentes, os al-shaabab (nome com o qual são conhecidos os terroristas) entregaram as cabeças num plástico a uma mulher para levar a aldeia”, contou um morador local, a VOA, agora deslocado em Montepuez.
“Aquela situação levou muita gente da aldeia e de aldeias vizinhas a fugir para a sede do distrito de Montepuez”, acrescentou a mesma fonte.
O grupo, disse outra fonte local, provocou pânico em Nanhupo e Namanhumbir, não distante da área explorada pela empresa Montepuez Ruby Mining.
“As pessoas estão a fugir, por causa do medo”, adiantou outra fonte local, sugerindo que a decapitação foi um alerta para episódios mais dramáticos.
As novas fugas da população nos distritos a sul de Cabo Delgado têm aumentado de forma acelerada nos últimos meses, desde que o grupo armado tem investido num novo cordão de ataques àqueles distritos.
Só em Junho do total de 32 mil pessoas fugiram dos ataques, segundo os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), e pelo menos 21 mil delas pessoas saíram de Ancuabe.
O administrador local, Oliveira Amimo, disse que a maioria das pessoas que fogem dos novos ataques de grupos terroristas tem procurado abrigo no distrito de Erati, na vizinha província de Nampula.
“Recentemente pelo menos 21 mil pessoas fugiram da nova onda de ataques terroristas para o distrito de Erati, em Nampula”, precisou Oliveira Amimo.
Refira-se que algumas empresas mineiras que tinham paralisado as suas ações devido ao aumento de insegurança, incluindo em Montepuez, voltaram a operar e a dinamizar a economia da província de Cabo Delgado, agora a braço com a crise humanitária.