Internacional Crise política em Itália: Primeiro-ministro Mario Draghi volta a pedir demissão

Crise política em Itália: Primeiro-ministro Mario Draghi volta a pedir demissão

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, entregou sua renúncia ao presidente Sergio Mattarella nesta quinta-feira 21, após ruptura em sua coalizão de governo, mergulhando o país em turbulências políticas e atingindo os mercados financeiros.

O gabinete de Mattarella disse em comunicado que o chefe de Estado “tomou nota” da renúncia e pediu a Draghi que permanecesse como interino.

De acordo com a Associated Press, o chefe de Estado quis saber se Draghi quer manter-se em funções até à realização das eleições.

Matarella deve agora marcar eleições antecipadas — se for o caso, poderão acontecer em outubro — e pode indicar uma figura “técnica ou institucional” que possa substituir Draghi.

A decisão de Draghi foi comunicada após os três parceiros da coligação governamental terem retirado o apoio ao primeiro-ministro durante uma moção de censura, no Senado, em Roma.

O primeiro-ministro, que compareceu ontem no Senado para tentar reconstruir a coligação de unidade nacional que o apoiou, acabou por perder o apoio de três membros do seu governo: o populista M5S, o conservador Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, e a Liga de extrema-direita de Matteo Salvini.

Mario Draghi deixou o Senado após saber das intenções dos seus parceiros e antes do final da votação, que ganhou com 95 votos a favor e 38 contra, embora apenas 133 dos 320 senadores tenham votado.

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O economista e ex-presidente do Banco Central Europeu dirige uma coligação de unidade nacional desde fevereiro de 2021 que inclui quase todos os partidos da câmara, exceto o partido de extrema-direita Fratelli d’Italia, de Giorgia Meloni.

A crise na coligação eclodiu na semana passada, após o M5S não ter votado a favor de uma moção de confiança, quebrando fileiras com o resto dos seus parceiros, o que levou o primeiro-ministro italiano a demitir-se.

Contudo, o chefe de Estado, Sergio Mattarella, rejeitou a saída e exortou-o a procurar uma solução parlamentar, que começou hoje no Senado e continuará amanhã na Câmara dos Deputados, embora esta seja uma missão impossível devido ao confronto entre o M5S e a direita.

Berlusconi e Salvini olham favoravelmente para eleições antecipadas, que poderiam ter lugar no início de outubro e que é a opção que o seu parceiro eleitoral Fratelli d’Italia – sozinho na oposição e apontado pelas sondagens como o partido mais votado em caso de sufrágio – tem vindo a exigir há dias.

Nos últimos dias, sindicatos, empregadores, numerosas associações de diferentes setores e até a Igreja Católica apelaram à continuidade de Mario Draghi devido à atual crise económica, energética e social.