Estados Unidos e Irão anunciaram nesta segunda-feira (27) que retomarão nesta semana, no Qatar, as negociações indirectas sobre o programa nuclear.
A agência de notícias iraniana Tasnim, citando uma fonte não identificada do Ministério das Relações Exteriores, informou que o principal negociador nuclear iraniano, Ali Bagheri, viajaria ao Qatar para “negociar o levantamento das sanções”.
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que as negociações seriam esta semana em Doha. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Said Khatibzadeh, disse que as conversas seriam “nos próximos dias”.
Segundo ele, “não se referiram à dimensão nuclear, mas às diferenças sobre a questão do levantamento das sanções dos Estados Unidos”, que afetam duramente o país, com a inflação em alta.
No sábado, Irão e União Europeia (UE) anunciaram que os diálogos seriam “nos próximos dias”, durante uma visita surpresa a Teerão do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
As negociações estavam suspensas há mais de três meses. Para avançar o processo, Borrell indicou que fará contactos “indirectos” entre Estados Unidos e Irão a partir de “um país do Golfo”.
As negociações iniciadas em Viena em abril de 2021 entre Irão, Rússia, Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Alemanha estão estagnadas e o diálogo busca que Estados Unidos retornem ao acordo internacional alcançado em 2015 para limitar o programa nuclear iraniano.
Washington se retirou unilateralmente do pacto em 2018 durante o governo de Donald Trump e o Irão se afastou progressivamente de seus compromissos.
Assinado pelo Irão e as seis potências, o compromisso busca garantir o caráter civil do programa nuclear do Irão, acusado de querer se equipar com uma arma atômica (algo que Teerão nega) em troca do levantamento das sanções que asfixiam a economia da República Islâmica.
Ao retirar-se do acordo, o governo de Trump restabeleceu as sanções contra o Irão.