Mark Meadows, o último chefe de Gabinete de Donald Trump, está a ser investigado na Carolina do Norte pelo seu registo eleitoral. Conhecido por ser uma das vozes que mais ecoou as alegações de fraude eleitoral do ex-presidente norte-americano, o ex-congressista republicano é suspeito de ter infringido a lei e de ter votado ilegalmente, nas eleições presidenciais de 2020, com uma morada na qual não reside.
Na quinta-feira, o Departamento de Investigação do Estado da Carolina do Norte confirmou que deu início a uma investigação ao registo eleitoral de Mark Meadows, depois de o Departamento de Justiça ter recebido uma denúncia do procurador-geral do Estado, o democrata Josh Stein.
“Pedimos ao FBI para investigar e, na conclusão da investigação, avaliaremos o que se descobriu”, disse o porta-voz de Stein, Nazneen Ahmed, através de um comunicado no qual são referidas alegações de que Meadows se terá registado, em Setembro de 2020, numa morada na qual não residia, que não possuía nem visitava, para votar nas eleições de Novembro.
O caso agora em investigação foi tornado público, a primeira vez, pelo New Yorker no início deste mês.
“A 19 de Setembro, cerca de três semanas antes de terminar o prazo para o registo eleitoral na Carolina do Norte para as eleições presidenciais, Meadows apresentou os seus documentos”. No ponto em que pede o endereço residencial – ‘onde habita fisicamente’, segundo diz o formulário – Meadows escreveu a morada de uma casa móvel (…) em Scaly Mountain”, divulgou na altura o jornal.
Segundo a publicação, o aliado de Trump registou que se mudava para essa morada no dia seguinte, a 20 de Setembro. Mas Meadows “não possui esta propriedade e nunca a visitou”, nem há informação de que tenha “passado uma única noite” nessa alegada residência.
De acordo com a lei no Estado da Carolina do Norte, os eleitores devem morar no condado onde estão registados e residir no local pelo menos desde 30 dias antes da data das eleições.
Meadows votou por correspondência de alegada morada
A procuradora do condado de Macon, na zona das montanhas a que pertence a alegada morada de Meadows na Carolina do Norte, endereçou uma carta a Josh Stein, apelando que se investigasse o registo eleitoral do ex-congressista republicano. Ashley Welch afirmou, no entanto, não poder envolver-se na investigação, uma vez que Meadows colaborou na sua campanha eleitoral. “Até ser contactada pela comunicação social, eu não tinha conhecimento de nenhuma alegação de fraude eleitoral em torno de Mark Meadows”, escreveu Welch na carta. “É do melhor interesse da justiça e do melhor interesse do povo da Carolina do Norte que a Procuradoria-Geral investigue a acusação deste caso”.Até agora, Meadows não respondeu nem reagiu às notícias, não tendo ainda apresentado qualquer justificação quanto ao seu registo de eleitor em 2020. Sabe-se, contudo, que mantém o referido endereço nos registos eleitorais.
Embora tanto Mark como a sua esposa, Debra Meadows, tenham registado uma casa móvel como a sua morada eleitoral, votaram por correspondência e não presencialmente, segundo os registos do Estado.
A ex-proprietária da casa em Scaly Mountain afirmou ao New Yorker que duvida que Meadows tivesse alguma vez visitado a residência e um vizinho disse à publicação que o aliado de Trump terá passado lá uma ou duas noites.
Antes de registar com esta nova morada, Meadows votou em 2018 com a morada de uma casa no condado da Transilvânia, na Carolina do Norte, e em 2016 em Asheville, Carolina do Norte. E em 2021, também se registou para votar na Virgínia, onde é proprietário de um condomínio nos subúrbios de Washington, pouco antes das eleições para governador.
Para além desta investigação, Meadows é acusado de estar envolvido no planeamento da invasão do Capitólio em Janeiro do ano passado.