Presidente sul-africano admitiu perante a comissão que investiga a captura do Estado que considerou demitir-se quando se “apercebeu” da extensão do problema, quando era o número dois de Zuma, mas escolheu “resistir”.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, admitiu na quarta-feira (11.08) que havia corrupção estatal “desenfreada” no período em que foi vice-Presidente do país, durante a Presidência de Jacob Zuma. Ouvido na comissão que investiga a chamada “grande corrupção” na África do Sul, durante a Presidência de Zuma (2009-2018), o atual chefe de Estado disse que não se demitiu na altura, porque a sua demissão impediria os seus esforços de combate à corrupção.
Perante o juiz Raymond Zondo, Ramaphosa afirmou que, diante dos factos, havia cinco opções: “A primeira opção era renunciar. A segunda opção teria sido falar. E a terceira teria sido aceitar e simplesmente continuar. A quarta teria sido permanecer em silêncio. E a quinta opção seria permanecer, mas lutar, na esperança de que poderíamos dar a volta às coisas”.
Segundo o Presidente sul-africano, a única opção válida foi continuar como vice-Presidente, de forma a “resistir a alguns dos mais flagrantes abusos de poder”.
“Se eu e outras pessoas nos tivéssemos demitido do Executivo, não teríamos tido capacidade de combater alguns dos abusos que estavam a ocorrer, e havia o perigo claro de que, sem alguma medida de luta, teria havido ainda menos obstáculos à expansão sem limites do projecto de captura do Estado”, afirmou.