Internacional Polícia brasileira despejou famílias sem-abrigo de acampamento

Polícia brasileira despejou famílias sem-abrigo de acampamento

A polícia brasileira despejou centenas de famílias sem-abrigo de um acampamento recém-construído perto do Rio de Janeiro, um ato que evidencia a pobreza no Brasil durante a pandemia de covid-19.

Imagens emitidas nas televisões mostraram moradores a bloquear a entrada do acampamento com fogueiras enquanto a polícia lançava bombas de gás lacrimogéneo e disparava canhões de água contra as tendas. Com o hemisfério sul em pleno inverno, a cidade viveu uma das manhãs mais frias já registadas.

A remoção forçada no município de Itaguaí ocorreu após uma decisão judicial favorável à proprietária do terreno, a estatal brasileira de petróleo Petrobras. Os moradores ocupavam o terreno desde maio e batizaram-no de “Campo de Refugiados 1.º de Maio”.

Uma mulher não identificada do assentamento informal apareceu no canal de televisão Globo News implorando por ajuda. “Eu sou uma empregada doméstica”, disse, em lágrimas. “A mulher despediu-me por causa da pandemia. Ajudem-me, por favor: não tenho para onde ir, não tenho nenhuma família”.

Acampamentos surgiram em várias cidades do Brasil, refletindo uma onda de pobreza depois do Governo reduzir um dos programas de auxílio de emergência contra a pandemia mais generosos do mundo. Isso deixou muitos cidadãos expostos à alta inflação, já que o fraco mercado de trabalho do país ainda não deu sinais de recuperação.

Recomendado para si:  Bebé de 9 meses submetido a cirurgia de emergência após engolir cadeado na Lunda-Sul

De acordo com a agência nacional de estatísticas, cerca de 14,8 milhões de pessoas ficaram desempregadas no trimestre encerrado em abril, ou quase 15% da população.

O departamento de polícia do Rio de Janeiro disse, na sua conta oficial no Twitter, que o despejo fazia parte de um processo legal para recuperar o terreno, mas não respondeu imediatamente às perguntas sobre quantas famílias estavam lá e se havia algum ferido.

A Petrobras disse em comunicado que, em cumprimento da ordem judicial, a empresa forneceu desinfetante para as mãos e máscaras de proteção e ofereceu transporte para três estações rodoviárias próximas.

No início da tarde, as crianças podiam ser vistas a carregar os poucos pertences das suas famílias para fora da área, enquanto polícias fortemente armados vigiavam.