Uma das principais fações rebeldes Karen de Myanmar contra a Junta Militar no poder no país desde o golpe de Estado tomou hoje uma base do Exército aumentando os receios de um novo ciclo de violência.
As tensões entre os militares e vários grupos étnicos do país intensificaram-se após o golpe de Estado do passado dia 01 de fevereiro.
No final do mês de março, a KNU atacou uma outra base militar abatendo 10 soldados.
A Junta Militar respondeu com bombardeamentos aéreos contra as bases dos grupos armados na região Karen provocando pelo menos 24 mil deslocados internos.
Após a independência da antiga Birmânia, em 1948, numerosas fações étnicas estão em conflito com os governos centrais para conseguirem mais autonomia, acesso às riquezas naturais ou controlo sob o tráfico de estupefacientes.
Por outro lado, o autodenominado Governo de Unidade Nacional de Myanmar, formado por representantes que se opõem à Junta Militar acusou hoje o Exército de contrariar os compromissos que tinha estabelecido ao instigar atos de violência contra civis e “provocar” manifestantes pacíficos.
Mahn Winn Khaing Thann, primeiro-ministro do governo sombra afirmou através de um comunicado que no sábado o general golpista Min Aung Hlaing comprometeu-se perante os líderes da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), reunidos em Jacarta, a terminar a violência contra civis.
A denúncia de Thann é acompanhada pela organização não-governamental Human Rights Fundation of Monland que indicou que pelo menos uma manifestante foi morta segunda-feira pelos disparos das forças de segurança e que várias pessoas foram presas na localidade de Nyaungshwe, no Estado de Shan.
Apesar de ter considerado as sugestões dos países da ASEAN, a Junta Militar diz agora que as prioridades dos militares “são a manutenção da lei e da ordem e o restabelecimento da paz e a tranquilidade entre a comunidade”.
Entretanto, grupos de direitos humanos exigem a libertação imediata de mais de três mil pessoas que se encontram presas desde o golpe militar.