Economia Standard revê em baixa crescimento de Moçambique para 1,6% este ano

Standard revê em baixa crescimento de Moçambique para 1,6% este ano

O departamento de estudos económicos do Standard Bank desceu na quinta-feira (11) a estimativa de crescimento da economia de Moçambique, antevendo agora uma expansão de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

“Moçambique começou o ano de forma atribulada, originando uma revisão em baixa da nossa previsão de crescimento feita em janeiro, para levar em conta o impacto negativo do aumento da taxa de juro de referência de 10,25% para 13,25%”, lê-se numa nota enviada à Lusa pelo economista-chefe do Standard Bank em Maputo.

“O nosso cenário de base é agora de um crescimento de 1,6% do PIB para este ano, o que representa uma descida de 0,2 pontos percentuais face ao cenário antevisto em janeiro”, escreve Fáusio Mussá na nota enviada à Lusa.

O aumento da taxa de juro central fará com que a taxa real aumente de 15,5% para 18,5%, com o banco central de Moçambique a tentar fortalecer a eficácia da sua política monetária, podendo definir uma meta para a inflação, “o que necessitaria de alterações regulatórias e de um debate político”, acrescenta.

“A visão da política monetária do banco central é suficiente para desencorajar as importações, ao mesmo tempo que envia um sinal ao Governo para conter a despesa pública, o que, combinado com o aumento da flexibilidade na gestão das reservas em moeda estrangeira, deve melhorar a liquidez em termos de liquidez cambial no mercado e, por fim, estabilizar o metical”, aponta o economista.

As reservas no início de fevereiro estavam nos 4,1 mil milhões de dólares, representando uma cobertura de seis meses de importação, excluindo os grandes projetos na área do gás natural, o que permite melhorar o valor do metical face ao dólar no final do ano, cuja revisão aponta para um valor de 72,4 face aos 80,3 previstos em janeiro.

Sobre as previsões macroeconómicas para este ano, a equipa de economistas do Banco Standard em Moçambique, liderada por Fáusio Mussa, alerta ainda que entre as principais ameaças estão “as alterações climáticas, uma deterioração acrescida nas condições de segurança na província nortenha de Cabo Delgado e o consequente aumento das necessidade humanitárias, um aumento das restrições resultantes da covid-10 e atrasos nos investimentos no gás natural, que podem aumentar o défice orçamental, depreciar o metical, fazer subir a inflação e abrandar o crescimento”.

Em sentido contrário, a descida das infeções por covid-19, um recomeço mais rápido das obras no estaleiro do gás natural do projeto liderado pela Total e um anúncio de avanços na Área 1, liderada pela Eni, podem melhorar as previsões para este ano.