Os movimentos de supremacia branca, conspiradores e apoiantes de Donald Trump, banidos das plataformas convencionais, mudam-se para redes sociais mais confidenciais e difíceis de regular: Gab em vez do Twitter, MeWe para substituir o Facebook e Telegram para mensagens.
“Os apoiantes mais radicais de Trump já estavam bem estabelecidos em plataformas alternativas”, disse Nick Backovic, investigador da Logically.Al, uma sociedade especializada em desinformação digital, acrescentando que “o Facebook e o Twitter têm sido muito lentos para responder, permitindo que os influenciadores reconstruam o seu público quase sem interrupção”.
Depois dos distúrbios de 6 de janeiro em Washington, com a invasão do Capitólio, as principais redes sociais reprimiram as organizações envolvidas, como os Oath Keepers, os Three Percenters e os Proud Boys.
O Facebook intensificou, assim, as expulsões contra os movimentos armados, enquanto o Twitter, por sua vez, baniu permanentemente o ex-presidente e apagou 70.000 contas afiliadas a QAnon, uma rede cujos fiéis estavam convencidos, ou ainda estão, de que Trump salvará o mundo de elites corruptas e pedófilas.
“É uma estratégia que funciona”, disse Jim Steyer, presidente da Common Sense Media, sublinhando que Trump sem Twitter “perdeu o seu megafone, as suas mensagens não são mais amplificadas.”
Mas milhões de extremistas e conspiradores recusam-se a resignar, segundo especialistas, que temem que a censura reúna e una indivíduos que, a priori, são muito diferentes.
“Na QAnon, existem militantes armados, republicanos tradicionais, mães que ficam em casa, professores de ioga … Pessoas que ainda tinham certa distância dos grupos nazistas ou supremacistas. Mas ali, eles começam a se misturar em comunidades. Eles não têm para onde ir”, observou Alex Goldenberg, do Network Contagion Research Institute (NCRI), um centro de pesquisa também especializado em desinformação digital.