Internacional Africa Governo do Ruanda reabre as suas fronteiras terrestres com a RD Congo

Governo do Ruanda reabre as suas fronteiras terrestres com a RD Congo

O Ruanda reabriu as suas fronteiras terrestres com a República Democrática do Congo (RD Congo), horas depois de ter anunciado o seu encerramento devido ao vírus do Ébola, na cidade congolesa de Goma, situada a poucos metros do país.

“A fronteira do Ruanda com a RD Congo está aberta para viajar como de costume”, referiu o Ministério da Saúde do Ruanda citado pela agência noticiosa Efe, num comunicado de imprensa.

O Ministério da Saúde ruandês referiu ainda que até hoje, o Ruanda continua livre do Ébola, mas é “altamente recomendável que o público evite viagens desnecessárias à área afectada”.

Antes, o Ruanda fechou as suas fronteiras, uma decisão que desencadeou críticas do governo congolês, cujo bem-estar económico depende em grande parte do comércio e do turismo com as nações vizinhas.

Entretanto, a presidência congolesa já anunciou igualmente a reabertura da fronteira, oito horas depois de ter sido encerrada.

“A circulação entre Goma e Gisenyi foi retomado esta quinta-feira à tarde. Fechada de manhã sem explicação [pelas autoridades do Ruanda], a fronteira foi reaberta e as populações podem movimentar-se nos dois sentidos”, indicou a presidência em comunicado, citado pela agência France-Presse.

O anúncio coincidiu com a confirmação hoje de dois novos casos, ocorridos por transmissão directa do vírus em Goma, com resultados positivos para a mulher e a filha de um ano de um homem que faleceu na quarta-feira, a segunda vítima mortal nesta cidade junto à fronteira com o Ruanda e onde vivem mais de dois milhões de pessoas.

A primeira vítima mortal em Goma foi um pastor evangélico que faleceu no dia 16 de Julho quando era transferido para um centro de tratamento da localidade de Butembo.

Além disso, na cidade de Goma e arredores, há 12 casos suspeitos que estão à espera de serem confirmados, segundo o balanço feito pelo governo congolês divulgado na terça-feira.

Goma é uma cidade que se encontra a cerca de 350 quilómetros do epicentro da epidemia e mesmo ao lado do Ruanda. Em Novembro, o Governo da RD Congo anunciou que a epidemia de Ébola passara a ser a maior da história do país relativamente ao número de contágios.

De acordo com a Organização Internacional das Migrações, mais de 57.500 pessoas passam por dia pelos dois postos fronteiriços existentes em Goma.

A epidemia está localizada nas províncias de Kivu do Norte e Ituri e já se converteu na pior da história da RD Congo e na segunda mais grave do mundo, apenas ultrapassada pela verificada na África Ocidental em 2014, com mais de 11.000 mortos.

Hoje, faz um ano desde que o surto foi declarado, cuja mitigação é especialmente complicada dada a grande desconfiança social e ao facto de na zona operarem mais de uma centena de grupos armados.

Trata-se, de facto, da primeira vez que o Ébola afecta uma zona em conflito.

O vírus do Ébola transmite-se através do contacto directo com sangue e os fluidos corporais contaminados, provoca febre hemorrágica e pode chegar a alcançar uma taxa de mortalidade de 90% se não é tratado a tempo.

O director-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou no dia 17 de Julho o estado de Emergência Internacional na RDCongo devido ao Ébola.

Segundo o mais recente boletim oficial do Ministério da Saúde da RD Congo, datado de 22 de Julho, as autoridades sanitárias congolesas detectaram 2.592 casos, sendo que, destes, 1.743 morreram.

As principais áreas afectadas no Kivu Norte são Katwa (638 mortos), Beni (526 mortos), Mabalako (369 mortos), Butembo (258 mortos), Kalunguta (143 mortos) e Vuhovi (106 mortos), ao passo que dos 257 casos mortais registados em Ituri, a maioria foi na zona de Mandima (197).

Desde o início das actividades de controlo, 140 agentes sanitários foram infectados pelo vírus, tendo morrido 41 desde 1 de Agosto de 2018.

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