Destaque Ericino de Salema vai prosseguir tratamento na África do Sul

Ericino de Salema vai prosseguir tratamento na África do Sul

O jornalista moçambicano Ericino de Salema, raptado e agredido no dia 27 de Março, vai continuar tratamento médico na África do Sul, disse hoje à Lusa fonte familiar.

Ericino de Salema foi transferido na quinta-feira e vai permanecer no país vizinho de Moçambique por um mínimo de 45 dias para recuperar dos ferimentos que sofreu e da intervenção cirúrgica a que foi sujeito.

“Vai iniciar a fisioterapia lá, provavelmente voltará a Moçambique ainda sem andar, mas em condições de fazer alguns movimentos”, acrescentou.

Ericino de Salema foi raptado à porta do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), no centro de Maputo, e levado para a estrada circular da capital onde foi encontrado por populares com fracturas nas pernas e no braço esquerdo.

Apesar de a polícia afirmar que ainda está a investigar o crime e que não são conhecidas motivações, organizações da sociedade civil associam o rapto e agressão à violência perpetrada contra figuras que emitem posições críticas ao Governo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência do país, em 1975.

Ericino de Salema era à data do rapto comentador do programa televisivo “Pontos de Vista”, espaço de comentário político que goza de notoriedade nacional e é emitido pelo canal privado STV.

Em 2016, o politólogo José Macuane foi baleado nos pés no mesmo local onde Ericino de Salema foi encontrado ferido, após ser raptado no centro de Maputo, numa altura em que também era comentador do “Pontos de Vista”.

Em 2015, o constitucionalista moçambicano de origem francesa Gilles Cistac foi mortalmente baleado na capital moçambicana, alguns dias após defender que a exigência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, de instituição de autarquias provinciais tinha cobertura na lei fundamental do país, contrariando a posição de alguns membros da Frelimo de que a reivindicação era inconstitucional.

Nenhum dos crimes foi esclarecido, nem foram encontrados responsáveis.

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