Destaque Motorista da ex-PCA do FDA diz ter movimentado muito dinheiro

Motorista da ex-PCA do FDA diz ter movimentado muito dinheiro

O réu Jorge Tembe, que à data dos factos era motorista da ex-Presidente do Conselho de Administração do FDA, Setina Titosse, confirmou, em sede de julgamento, ter movimentado avultadas somas em dinheiro a mando da antiga chefe.

Acusado nos autos de ter dado suporte às rés Setina Titosse e Milda Cossa, esta última assistente da ex-PCA, Jorge Tembe disse que das mãos da antiga dirigente recebeu vários envelopes contendo dinheiro e outros com conteúdo não revelado, que era para fazer chegar a determinadas pessoas, tendo depositado outros valores por instruções desta. Ao todo, o réu Tembe é acusado de ter dado suporte às duas arguidas em cerca de três milhões e seiscentos mil meticais.

Não posso precisar quanto valor movimentei, mas foram muitos envelopes. Era motorista da ex-PCA e por várias vezes mandou-me movimentar o dinheiro. Como minha chefe, não podia questionar as ordens. Igualmente, já efectuei um depósito de 160 mil meticais na conta da Ronil Auto a mando da ex-PCA”, disse o réu quando ouvido pelo tribunal.

Entretanto, a ré Felicidade da Graça Massugueja confirmou também em tribunal ter recebido mais de quatro milhões de meticais do FDA para implementar um projecto de criação de gado. Contudo, a mando de Setina Titosse, transferiu dois milhões de meticais para a conta de Milda Cossa, 500 mil para a conta do seu esposo, Paulo Manhique, e 800 mil colocou a prazo. Explicou que o depósito a prazo tinha em vista aplicá-lo no negócio de gado.

Na verdade, não sei dizer se ainda tenho gado. Afastei-me um pouco do negócio quando fiquei grávida e, simultaneamente, presa, isto no âmbito deste processo, daí que nunca mais procurei saber das minhas cabeças. Em princípio, a criação era para ser em Marracuene. A ideia de transferir o dinheiro para a conta do meu esposo era no sentido de me ajudar a gerir porque tinha receio de esbanjar em coisas desnecessárias. O resto do valor usei para fins pessoais”, disse Felicidade Massugueja.

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Ainda na sessão de ontem foi ouvido o réu Tomás Xerinda, irmão da co-ré Neide Xerinda, que confirmou ter recebido um financiamento acima de cinco milhões e oitocentos mil meticais para comprar gado, mas que nunca chegou a adquirir uma única cabeça. Assegurou ter recebido dinheiro transferido pelo finado Francisco Chilengue, dono da empresa KCI Investimentos, no valor de dois milhões de meticais, que canalizou de imediato para a conta da sua irmã, Neide Xerinda.

A minha irmã usou esse valor para pagamento da escola dos filhos e outras coisas. O que ficou comigo usei para fins pessoais”, disse.

A ré Atália Matuca, quadro do FDA, confirmou ter recebido, a título de empréstimo, um montante acima de três milhões de meticais da co-ré Setina Titosse, tendo usado o mesmo para comprar uma casa do Projecto Intaka.

Disse que pediu o valor porque estava numa situação de aflição, dado que estava em processo de divórcio com o marido e que já não tinha como pagar a renda e corria o risco de ser despejada.

Por último, o tribunal ouviu Abul Jalilo Rassur, casado com uma sobrinha da Setina Titosse, que disse ter recebido pouco mais de seis milhões de meticais, mas que não chegou a comprar nenhuma cabeça.

Assinei o contrato na casa da Setina Titosse e depois de receber o valor transferi dois milhões para a conta dela. Outros três milhões transferi para a conta do seu ex-esposo, Cardoso Cabral, e outros 380 mil para a cunhada, Isabel António. Apenas fiquei com 400 mil meticais”, disse Abdul Rassur.

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