Sociedade Apreendidas mais de cinco mil estacas de mangal na Beira

Apreendidas mais de cinco mil estacas de mangal na Beira

Uma equipa conjunta constituída pelas direcções provinciais do Mar, Águas Interiores e Pescas e Ambiente e Desenvolvimento Rural, Polícia Costeira, Lacustre e Fluvial e pelos Serviços de Florestas e Fauna Bravia de Sofala, apreendeu no pretérito fim-de-semana 4.760 estacas de mangal que se encontravam a ser comercializadas no Goto e Macurungo, na Beira.

Em conexão com o caso, quatro comerciantes, cujos nomes não conseguimos apurar, encontram-se detidos.

A confiscação das estacas está inserida no âmbito da operação “Pesca responsável”, iniciada na passada segunda-feira, abarcando igualmente o sector pesqueiro.

De acordo com César Maphossa, chefe de fiscalização na Direcção Provincial do Mar, Águas Interiores e Pescas de Sofala, a operação “atacou” as zonas do Goto e Macurungo e nos próximos dias se estenderá a outros estaleiros da cidade.

Maphossa explicou que as 4 760 estacas foram apreendidas em apenas três recintos de comercialização, mas, segundo disse, a quantidade confiscada espelha o quão esta espécie, que serve como “incubadora” da fauna marinha, com destaque para o camarão, está a ser devastada todos os dias por pessoas que, amiúde, usam pequenas embarcações ao longo da costa da província de Sofala.

Esta situação regista-se particularmente nos estuários dos rios Búzi e Púnguè, mas também em algumas regiões do posto administrativo de Nhangau, arredores da cidade da Beira, entre outras, onde a fauna marinha desova.

As estacas do mangal abatido são usadas no lugar de prumos nas obras de construção civil bem como na edificação de casas de material precário, para além de servir como combustível lenhoso.
Esta operação tardou a chegar, pois devia ter iniciado muito antes e de forma contínua, com vista a minorar a situação, que estava a ganhar contornos alarmantes. A verdade é que à medida que a exploração se intensifica, também a fauna marinha vai ficando cada vez mais ameaçada porque os estuários estão a ficar paulatinamente sem o ambiente para a sua reprodução”, disse Maphossa.

Ele anotou que o número de estacas apreendidas demonstra que o abate indiscriminado desta espécie e ao ritmo em que é feito continua a ser uma prática que, de acordo com alguns entendidos na matéria, levará a que dentro de alguns anos o Banco de Sofala venha a ressentir-se da falta do pescado, com realce para o camarão.

Nas ruas, avenidas, bairros e outros lugares podem-se ver pessoas a vender enormes quantidades de estacas de mangal. Os estaleiros também andam abarrotados deste recurso natural abatido nas diversas zonas ao longo da costa.

A verdade, porém, é que enquanto uns ganham dinheiro com o abate e venda do mangal, a actividade piscatória vai-se ressentindo, o que um dia pode concorrer para a insegurança alimentar na região.

Se formos a ver, as campanhas de reposição são menores em relação ao que se devasta”, disse a fonte, anotando que os comerciantes detidos são acusados de cometimento de crime ambiental.

Estes foram surpreendidos na posse de espécie proibida cujo corte constitui matéria criminal. Tanto no Código Penal como na Lei do Ambiente está plasmado que aquele que for encontrado a destruir o mangal corre o risco de enfrentar uma pena que varia de 8 a 12 anos, daí que coube a nós a missão de prender e entregar os infractores as outras instâncias que melhor irão analisar e tomar as devidas medidas” – disse a fonte, apelando aos proprietários dos estaleiros de venda de estacas de mangal a desistir da venda deste.

Refira-se que o programa de reflorestamento em curso no posto administrativo de Nhangau, liderado pela ADEL, já permitiu a reposição de cerca de 500 hectares que haviam sido devastados em consequência dos efeitos combinados da acção humana e das mudanças climáticas, sendo que o maior desafio centra-se na fiscalização eficiente de modo a que o trabalho feito pelas comunidades continue a preservar os recursos naturais existentes.

Diário de Moçambique