O ex-ministro brasileiro da Justiça Osmar Serraglio, demitido sumariamente domingo sem qualquer aviso, vingou-se do presidente Michel Temer e criou um novo problema para o governante.
Serraglio recusou uma nova pasta oferecida por Temer e decidiu reassumir o seu mandato de deputado federal, criando uma situação delicada para um aliado muito próximo a Temer acusado de corrupção e, em consequência, para o próprio chefe de Estado, sob cujas ordens supostamente o auxiliar recebeu “luvas”.
É que quem assumiu a vaga de Serraglio no parlamento quando ele foi nomeado ministro há menos de três meses foi o assessor especial de Temer Rodrigo Rocha Loures, flagrado em Abril a receber uma mala com 147 mil euros em dinheiro vivo supostamente destinados ao presidente.
Até agora, Loures, como deputado, tinha privilégio de foro e só poderia ser investigado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, onde tudo demora muito, mas agora, perdendo o mandato com a volta de Serraglio, perde também esse privilégio e pode ir parar, por exemplo, nas mãos do temido juíz de Curitiba Sérgio Moro, que comanda a operação anti-corrupção Lava Jato. Exatamente para evitar isso, Temer, ao demitir Serraglio do comando da pasta da Justiça, nomeou-o no mesmo acto ministro da Transparência, para ele não voltar ao parlamento e Loures não ficar à mercê de Moro, conhecido pela rapidez e severidade das decisões.
Mas Osmar Serraglio anunciou esta terça-feira que não aceita continuar no governo de onde foi demitido de forma tão abrupta e deselegante, e que vai voltar ao mandato. Isso complica e muito a vida de Loures e pode atingir Temer, de quem é um dos homens de maior confiança, pois analistas estimam que o assessor presidencial, com a mulher em final de gestação, não vai querer assumir toda a culpa sozinho e correr o risco de ir parar à prisão.
Por isso, na iminência de ir parar às mãos de Sérgio Moro, crescem muito as probabilidades de Loures, para se livrar de uma pena pesada como as que o magistrado costuma decretar, decida passar a colaborar com a justiça e contar o que sabe sobre a suposta ligação do presidente da República a corrupção, suspeita essa que já levou o Supremo Tribunal Federal a autorizar uma investigação contra Temer, Loures e o senador Aécio Neves, que a Procuradoria-Geral da República diz estar igualmente ligado ao esquema.
Cm