Destaque Beira: FIPAG cobra facturas elevadas sem fornecer água a Manganhe-1

Beira: FIPAG cobra facturas elevadas sem fornecer água a Manganhe-1

Perto de dez moradores da zona de Manganhe -1, no interior do bairro de Macurungo, na cidade da Beira, estão revoltados com o Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG), em resultado da emissão de facturas de cobrança de valores que variam de sete mil a 12 mil meticais referentes ao período 2015-2017, espaço durante o qual os clientes dizem não terem visto nem sequer uma gota de água a jorrar das suas torneiras.

Nesta sexta-feira, a nossa Reportagem percorreu residências cujos moradores acabavam de receber notificações da FIPAG e encontrou um ambiente tenebroso, com reclamações e questionamento da razão de pagar por algo que não se consumiu durante os dois anos em cobrança.

Segundo apurámos, oficialmente as ligações de água na zona de Manganhe-1 e arredores, foram feitas em 2015. Foram abrangidas habitações que fazem o perímetro  este, oeste, norte e sul. Na altura ficou acordado entre as partes que, não tendo contadores, cada família deveria pagar uma taxa fixa no valor de 151, 00 meticais por mês.

Sucede que de 2015 a Dezembro de 2016, a água nunca jorrou das torneiras, sobretudo na zona alta (oeste) a partir da rua 2009.

O motivo que se alegava, segundo nos contaram os nossos entrevistados, foi de que havia baixas pressões, o que obrigou algumas famílias a terem que recorrer a meios alternativos para matar a sede.

Alguns até tiveram que mudar os tubos. Atravessaram a vala e foram puxar a água do lado do bairro de Matacuane. Estes é que vieram nos socorrer porque nas nossas casas das torneiras não saíam água. Diariamente, tínhamos que ir formar bicha nestas lá”, disse Isabel Chimoio, uma das nossas entrevistadas, para depois questionar as razões da aplicação de uma taxa exorbitante sem nenhum consumo.

Passados dois anos a vivermos praticamente à rasca, a água só agora é que começou a sair e logo depois o FIPAG mandou-nos estas facturas com valores elevadíssimas, dizendo que devíamos pagar. É para pagar o quê, se todos estes anos ficamos sem água? E, ainda mais, só em 2017 é que montaram os contadores. Que critérios foram usados para a cobrança deste dinheiro?”, questionou Isabel Chimoio, exibindo a sua factura no valor acumulado de 9.917,08 meticais.

Refira-se que mesmo com a colocação recente dos contadores e do aumento da pressão, ter água nas torneiras dos residentes de Manganhe-1 continua a ser um grande martírio.

É que, na tentativa de busca de maior pressão, os moradores foram obrigados a abrir covas nas extremidades dos tubos que ligam as torneiras, algo que precisa de uma técnica e cuidado acentuados, para não contaminar o líquido com a lama.

A água sai praticamente às primeiras horas do dia até as 8:00 horas. Estas facturas não fazem sentido. É um mau serviço prestado pelo FIPAG que ainda nos cobra muito dinheiro”, desabafou uma jovem que preferiu falar na condição de anonimato.

Diário de Moçambique