Mais de 289 famílias reassentadas em Cateme, 25 de Junho, 5.º bairro em Moatize, na província de Tete, bloquearam a semana passada uma das vias que dá acesso à mina da Vale, em forma de protesto e exigência das indemnizações até aqui não pagas no âmbito do reassentamento, em que os camponeses perderam suas terras com valor agrícola e casas a favor da Vale.
A população colocou barricadas e aglomerou-se no local para impedir que qualquer carregamento de carvão fosse feito para o porto da Beira. A Vale pagou metade do valor prometido a alguns camponeses, outros não receberam nenhum tostão. Segundo a Acção Académica para o Desenvolvimento Rural, uma agremiação que tem acompanhado de perto a confusão entre a Vale e os camponeses, as comunidades reclamam uma indemnização de 119.250 meticais por cada hectare das suas machambas que foram levadas pela Vale. Trata-se de machambas localizadas nas comunidades de Bwaminga, Chidwe, Mithete, Nhacolo, Chileca, Tchenga, Nyankumba, Kantondo, Kalawile, Khandwe, KateteNgulowale, de entre outras.
Vale diz que não haverá indemnização
A Vale reagiu aos acontecimentos da semana passada. Em comunicado enviado à nossa redacção, a multinacional brasileira reconhece que as referidas machambas encontram-se dentro da área de concessão mineira e diz que as mesmas encontram-se em áreas que não estão a ser utilizadas pela empresa.
Contrariamente ao que dizem os camponeses, a Vale diz que os camponeses podem usar as machambas e por continuarem disponíveis para utilização pela comunidade estas não foram consideradas como objecto de reassentamento, não tendo deste modo sido prevista nenhuma indemnização.
A Vale acusa as comunidades de apresentarem novas reivindicações e que estão fora dos seus planos. “A reivindicação apresentada pela comunidade do bairro urbano 25 de Setembro de Moatize é nova, estando fora do âmbito do Plano de Acção do Reassentamento”, refere a Vale.