A União Africana (UA), a Aliança para uma Revolução Verde em África (AGRA) e os parceiros governamentais e não governamentais vão continuar a desenvolver esforços para impulsionar a agricultura para um crescimento robusto e sustentável, considerando as oportunidades que o continente oferece para a dinamização deste subsector importante para a economia.
O compromisso segue-se à constatação de que uma década depois da Declaração de Maputo, em que os chefes de Estado e de Governo se comprometeram a alocar 10 por cento de investimento público para a agricultura, os progressos alcançados ainda são insuficientes.
Neste sentido, os participantes ao III Fórum sobre a Agricultura em África, organizado pela AGRA, identificaram como principais eixos do crescimento na agricultura a aposta nos pequenos e médios agricultores que podem fazer a diferença, atendendo que o sector emprega 65 por cento da população.
O entendimento é de que o empenho que os países têm demonstrado no aumento dos investimentos no sector deve prosseguir de forma a que num futuro breve não sejam apenas oito países com investimentos acima de dez por cento e que, de facto, se possa cumprir a Declaração de Maputo sobre a agricultura em África.
A União Africana, através do Programa Compreensivo para a Agricultura em África (CADDP) e a Aliança para a Revolução Verde em África (AGRA), e os parceiros estão alinhados com o objectivo que visa assegurar que nenhum africano passe fome, o que passa por um engajamento a vários níveis.
A estratégia consiste na provisão de sementes de qualidade e disseminação de tecnologias de baixo custo e sustentáveis, que permitam melhor desempenho e que os camponeses possam intervir no mercado, uma cadeia de valor que pode estimular maior produção e ajudar as famílias rurais a sair da pobreza. Mas, para que isto possa acontecer, também será preciso um engajamento na provisão de infra-estruturas de escoamento.
A presidente da AGRA, Jane Karuku, disse, por ocasião deste fórum, que mais do que avaliar os progressos da agricultura em África, foi importante ter-se conseguido, em Maputo, um compromisso de engajamento dos governos com relação a agricultura em África.
Segundo dados avançados na ocasião, a agricultura africana registou na última década um incremento de três por cento e o objectivo, segundo Makuru, deve ser mais ambicioso ainda atendendo que é preciso responder à demanda suscitada pelo crescimento da população e das necessidades.
Para além do aumento da produção em si, esforços devem ser direccionados também para o aumento da produtividade, que continua a ser um dos principais dilemas. Com efeito, a produção de cereais no continente tem-se situado numa média de 1.2 tonelada por hectare, a mais baixa a nível global, atendendo que na Ásia e América latina se chega a 3 e 5,5 toneladas por hectare na União Europeia, o que faz com que continue a depender de importações para satisfazer às necessidades.
Falando na cerimónia de encerramento do evento, o vice-ministro da Agricultura, António Limbau, destacou que o fórum foi uma ocasião para a interacção entre os diferentes actores das cadeias de valor, que permitirá tirar maior proveito das oportunidades para transformar a agricultura através de parcerias inclusivas e inovadoras.
Reafirmou o compromisso do Governo de proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento de plataformas que reúnam o Governo, sector privado e organizações de produtores e os parceiros de desenvolvimento.
O III Fórum da Agricultura em África, reunido em Maputo desde a passada quarta-feira, foi um importante marco para o continente, porque a partir desta edição passa a estar disponível, anualmente, um relatório sobre o estágio da agricultura, uma avaliação que tem em vista medir os progressos no sector.