Cerca de 100 antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) encerraram a delegação provincial do partido em Nampula, exigindo o afastamento da liderança actual e pressionando pela realização do Conselho Nacional, cuja reunião fora recentemente adiada.
Os ex-combatentes manifestam a sua insatisfação com a direcção do partido, liderada por Ossufo Momade, argumentando que o adiamento do Conselho Nacional visa perpetuar a sua liderança, apesar das queixas sobre o mau desempenho nas eleições de Outubro de 2024. Os antigos guerrilheiros sentem-se também excluídos das discussões que moldam o futuro do partido.
Carolina Yahaia, uma das ex-guerrilheiras presentes na manifestação, expressou a sua preocupação: “Nós não queremos a continuidade da delegada, Abida Aba, porque ela não colabora connosco, que somos antigos combatentes e lutamos pela democracia. Ela nos estranha.” Este descontentamento é um reflexo da desunião interna que se tem agravado nos últimos tempos.
Ernesto Douglas, outro ex-guerrilheiro, reiterou o pedido de afastamento de Ossufo Momade, sublinhando que, embora se reconheça o seu contributo histórico, é necessário considerar o “cansaço” que, segundo ele, a liderança actual demonstra. “Estamos a pedir que seja realizado o Conselho Nacional para definir os próximos passos do partido”, afirmou Douglas.
Em resposta a esta turbulência interna, Nelson Carvalho, porta-voz da Renamo na província, defendeu que é imprescindível respeitar os estatutos do partido. “Em nenhum momento, a delegada política da Renamo, Abida Aba Linha, e o general Ossufo Momade negaram sair do cargo. Contudo, a escolha de uma nova liderança só pode ocorrer num congresso”, frisou Carvalho.