A operação de resgate na mina de ouro abandonada de Stilfontein, situada a cerca de 140 km a sudoeste de Joanesburgo, tem revelado um cenário de tragédia e desespero.
As autoridades policiais confirmaram o resgate de mais de vinte mineiros ilegais e a recuperação de quinze corpos, num esforço contínuo que se arrasta há mais de dois meses.
Desde o início da operação, quinze corpos foram içados do poço, um local de exploração ilegal que se estende por quase dois quilómetros de profundidade.
A porta-voz da polícia sul-africana, Athlenda Mathe, informou à agência de notícias AFP que, no total, 24 pessoas já foram confirmadas como mortas desde Agosto deste ano.
A situação é alarmante, com estimativas locais sugerindo que dezenas, possivelmente centenas, ainda possam estar retidas no interior da mina. O líder comunitário, Johannes Qankase, revelou que, na semana passada, foi recebida uma carta do subsolo indicando a presença de mais de 109 corpos. Em meados de Novembro, algumas fontes locais apontavam para cerca de 4.000 pessoas ainda no local.
Os resgatados estão a enfrentar sérias dificuldades de saúde. Qankase descreveu os sobreviventes como “muito doentes e muito desidratados”, evidenciando a gravidade da situação. Após emergirem do poço, os mineiros passaram por um detentor de metais para garantir que não transportavam pepitas de ouro, antes de serem levados para cuidados hospitalares. Entre eles, dois foram detidos.
A operação policial tem sido marcada por controvérsias, com acusações de que as autoridades estão a tentar forçar os mineiros a abandonarem o que se assemelha a uma pequena cidade subterrânea. Desde o início de Novembro, o acesso à mina foi vedado e os fornecimentos de comida e água, essenciais para a subsistência dos mineiros, foram severamente restringidos.