A ala militar da Renamo, composta por antigos guerrilheiros, está a intensificar a pressão sobre o líder do partido, Ossufo Momade.
Dois dias após submeterem uma providência cautelar ao Tribunal Judicial da cidade de Maputo, os ex-combatentes ameaçam implementar um plano decisivo para garantir transparência e diálogo dentro do partido.
Os ex-guerrilheiros alegam que a Renamo está em risco de desintegração devido à falta de diálogo interno durante os sete anos de liderança de Momade. Eles exigem a convocação urgente de um Conselho Nacional, que inclua os desmobilizados, para discutir a situação e pedem a destituição do actual líder, além de transparência nas contas do partido.
João Machava, porta-voz do grupo, afirmou à Voz da América que a falta de transparência gera desconfiança entre os membros e o povo. Ele acusou Ossufo Momade de participar em encontros secretos para negociar as eleições e de violar os estatutos do partido.
Machava, que também foi fundador da extinta Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, morto em 2021, advertiu que, caso a justiça falhe em atender suas demandas, um novo plano será activado. “Quando a justiça não funcionar, vamos activar outro plano e este não vai falhar”, declarou, sem revelar detalhes.
O antigo comandante, que esteve envolvido nas três invasões à sede nacional da Renamo nos últimos dois meses, lamentou o fracasso das tentativas de estabelecer um diálogo.
Apesar da criação de uma comissão de ex-guerrilheiros e da nomeação de um intermediário pela direcção do partido, o diálogo ainda não se concretizou. Após a submissão da providência cautelar, um intermediário informou que os esforços para o diálogo estão em andamento.