O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou na terça-feira que está disposto ao diálogo, mas advertiu o candidato presidencial Venâncio Mondlane sobre a necessidade de aguardar a validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional (CC).
Esta declaração foi feita durante um encontro com membros do Sistema de Administração de Justiça, em comemoração ao Dia da Legalidade.
“Não há dificuldades em dialogar, é o que mais sei fazer. No entanto, é vital criar um ambiente de confiança para que o diálogo possa ocorrer de forma eficaz”, enfatizou Nyusi. O Presidente questionou a urgência das manifestações convocadas por Mondlane, sugerindo que é importante respeitar as etapas do processo eleitoral. “Imagina se nos reunimos com os candidatos A e B e chegamos a uma conclusão, o CC depois diz o contrário. Por que não esperar?”, indagou.
Filipe Nyusi também fez um apelo ao fim das manifestações violentas e criticou a participação de crianças nas marchas. “A destruição de infraestruturas, sejam políticas, sociais ou económicas, não é algo que devemos tolerar. Todas são necessárias para o desenvolvimento do país”, afirmou, referindo que não vê relação entre as reclamações eleitorais e os actos de vandalismo.
O Presidente alertou ainda para as repercussões negativas das greves e da paralisação de actividades, destacando que o sector turístico, especialmente em época de pico, poderá ser severamente afectado. “Isso refletir-se-á na folha de salários”, avisou.
Por sua vez, Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar nas eleições gerais de 9 de Outubro, convocou uma greve geral e manifestações que terão início a 31 de Outubro, e marchas em Maputo programadas para 7 de Novembro. Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), rejeita os resultados das eleições, que atribuíram a vitória a Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com 70,67% dos votos.
As recentes manifestações, que ocorreram a 21, 24 e 25 de Outubro, resultaram em confrontos com a polícia, levando a pelo menos dez mortes, dezenas de feridos e 500 detenções, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental que monitora processos eleitorais em Moçambique.
Em tempos de incerteza política, o apelo ao diálogo e à calma por parte do Presidente Nyusi poderá ser crucial para a estabilidade do país nos próximos tempos.