Ossufo Momade, presidente da Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, fez declarações contundentes sobre o processo eleitoral ocorrido no dia 9 de Outubro, que resultou na derrota do seu partido, relegado ao terceiro lugar no Parlamento com apenas 20 dos 250 assentos.
Momade afirmou categoricamente que as eleições não foram legítimas e pediu a sua anulação.
“Estas não foram eleições. Foi um crime, um desrespeito e violação flagrante dos direitos fundamentais”, declarou Momade durante uma conferência de imprensa em Maputo. O líder da Renamo destacou várias irregularidades, como enchimento de urnas, infiltração de atas e editais falsos, além de manipulação dos resultados eleitorais, evidenciando discrepâncias numéricas entre os editais distritais e as mesas de votos.
As eleições de 9 de Outubro, além de controversas, foram marcadas por confrontos que resultaram em quatro mortos, 20 feridos e 371 detidos, realçando a tensão política que permeia o país. Momade, reconhecendo a responsabilidade da Renamo na política moçambicana, salientou que os resultados representam uma “alteração da vontade popular”.
“Declaramos, aqui e agora, que não aceitamos os resultados e vamos usar todos os mecanismos internos e internacionais para que estas eleições sejam declaradas inexistentes e que seja feita justiça eleitoral”, afirmou. Em uma declaração que gerou apreensão, o líder da Renamo acrescentou que “a Renamo não se responsabiliza pelos possíveis eventos pós-eleitorais”.
Analistas políticos consideram a Renamo e seu presidente como os principais derrotados nas eleições, que culminaram na perda de 40 deputados em relação à legislatura anterior. Na corrida presidencial, Momade obteve apenas 5,81% dos votos, ficando atrás de Venâncio Mondlane, que alcançou 20,32%, e de Daniel Chapo, da Frelimo, com uma expressiva vitória de 70,67%.
O Conselho Constitucional de Moçambique terá a tarefa de confirmar os resultados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições. Entretanto, Venâncio Mondlane já anunciou a intenção de recorrer, assegurando que considera ter vencido as eleições.
A situação política em Moçambique continua a ser monitorada com atenção, dado o clima de incerteza e as reivindicações da Renamo por uma rectificação do processo eleitoral.