O governo dos Camarões proibiu qualquer menção pública à saúde do Presidente Paul Biya, de 91 anos, após a sua prolongada ausência ter gerado intensas especulações sobre um possível agravamento do seu estado de saúde.
A decisão foi comunicada através de uma carta do Ministério do Interior, datada de 9 de outubro, e dirigida aos governadores regionais.
Nos últimos dias, as autoridades camaronesas insistiram que Biya se encontrava em boa saúde e numa visita privada a Genebra, desmentindo categoricamente os rumores sobre uma possível doença, qualificando-os como “pura fantasia”.
A carta, assinada pelo Ministro do Interior, Paul Atanga Nji, sublinha que qualquer discussão sobre a saúde do Presidente é considerada uma questão de segurança nacional, advertindo que os infractores serão levados à justiça.
Nji instruiu ainda os governadores a criarem unidades especiais para monitorizar atentamente os conteúdos transmitidos pelos meios de comunicação privados e as publicações nas redes sociais, com o intuito de garantir o cumprimento da proibição.
O Conselho Nacional de Comunicação, entidade reguladora dos meios de comunicação dos Camarões, não emitiu qualquer comentário até ao momento. A decisão do governo tem sido amplamente criticada, sendo considerada por muitos como um ato de censura e repressão à liberdade de expressão.
Paul Biya, que está no poder há mais de 41 anos, é o chefe de Estado em exercício mais idoso do mundo. Desde o início de Setembro, o presidente não tem sido visto em público, o que tem alimentado rumores persistentes sobre o seu estado de saúde. A sua última aparição pública foi no Fórum de Cooperação China-África, realizado em Pequim no mês passado.
A ausência de Biya também foi notada na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e na cimeira dos países francófonos, em Paris, aumentando ainda mais as especulações em torno da sua saúde.
Na liderança dos Camarões desde 1982, Biya é o segundo líder africano com maior tempo no poder, sendo apenas superado por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, de 82 anos, que governa a Guiné Equatorial há 45 anos.
