Destaque Dono do submersível Titan ignorou alertas sobre segurança

Dono do submersível Titan ignorou alertas sobre segurança

Stockton Rush, fundador da OceanGate e uma das vítimas da implosão do submersível, trocou e-mails com um especialista que o acusou de colocar pessoas em risco. O executivo tratou o aviso como “lamúrias sem sentido”

Além de admitir que violou “algumas regras” durante a construção do submersível Titan, Stockton Rush — CEO da companhia OceanGate — rejeitou alertas sobre segurança, ao qualificá-los de “lamúrias sem fundamento”. No domingo passado (18), cerca de 1 hora e 45 minutos após iniciar a descida de 3.800m até os destroços do Titanic, no Atlântico Norte, a cerca de 500km da costa do Canadá, o Titan sofreu uma implosão catastrófica. Morreram na tragédia Rush; o francês Paul Henry Nargeolet, 77 anos, um dos maiores especialistas em Titanic; Hamish Harding, empresário britânico de 58 anos; Shahzada Dawood, executivo paquistanês de 48; e o filho Suleman, 19.

Em 2018, Rob McCallum, especialista em exploração de mares profundos, enviou e-mails ao fundador da OceanGate. Em uma das mensagens, advertiu-lhe: “Acho que você está potencialmente colocando a si mesmo e a seus clientes em uma dinâmica perigosa.

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Em sua corrida até o Titanic, você está espelhando naquele famoso grito de guerra: ‘Ela é inafundável'”, escreveu McCallum.

Stockton Rush ignorou o recado. “Com muita frequência, escutamos lamúrias do tipo: ‘Você vai matar alguém’. Tomo isso como um sério insulto pessoal”, respondeu o criador do Titan.

McCallum insistiu sobre o suposto perigo representado pelo submersível e recomendou à OceanGate que buscasse uma certificação de segurança para a cápsula. “Até que um submarino seja classificado, testado e comprovado, ele não deve ser usado para operações comerciais de mergulho profundo”, lembrou o especialista.

A nova resposta de Rush veio com uma defesa do próprio empreendimento. Ele admitiu que “a abordagem inovadora e focada em engenharia da OceanGate vai contra a ortodoxia submersível”. “Mas essa é a natureza da inovação”, assegurou.

A reportagem enviou um e-mail para McCallum e recebeu uma mensagem automática. “Estou no mar ao norte de Papua Nova Guiné e as comunicações poderão ser adiadas para depois de nosso retorno, em 30 de junho”, afirma. McCallum não respondeu às mensagens enviadas pelo Telegram.